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Enviada em: 19/06/2017

Vamos de mãos dadas       Em 1557, Jean de Lévy, viajante francês, descreveu em seu livro a curiosidade de um índio que havia lhe perguntado, espantado, por que franceses e portugueses vinham de tão longe para buscar pau-brasil para aquecerem-se. Os contatos iniciais entre nativos e europeus, durante a colonização já denotavam as diferenças culturais, que no lugar de entendimento, trariam preconceitos enraizados e problemas que atravessam séculos e perduram na atualidade.        Neste ano, índios da tribo Gamela, no Maranhão, tiveram as mãos decepadas e foram baleados por homens que invadiram sua aldeia. Exemplo de uma situação insustentável, o genocídio indígena é metonímia de uma problemática que macula a cultura brasileira. A disputa de terras com fazendeiros é uma das principais causas dos homicídios atuais de índios. Mato Grosso do Sul lidera, totalizando mais de 60% de todos os assassinatos de indígenas no Brasil. A questão se avoluma quando debruçamo-nos à observação da exclusão desses povos, quase que endêmica em nosso país.       Embora as múltiplas tribos nativas tenham feito parte, junto a africanos e portugueses, de um tripé formador da identidade cultural do Brasil, localizam-se à margem da sociedade. A população indígena corresponde a cerca de apenas 0,45% da brasileira e encontra penosos e sólidos obstáculos à sua integração. "Dividir" nosso país com as tribos nativas e assegurar suas culturas e direitos são alguns dos maiores desafios da contemporaneidade, ainda marcada pela sede de poder e pela supremacia de interesses econômicos.        Assim sendo, fica clara a urgência de medidas que amenizem o problema analisado. Com essa finalidade, escolas e famílias devem ensinar, desde cedo, a necessidade de respeito e valorização da cultura indígena em nosso país. ONGs podem atuar no auxílio à reafirmação desses povos e denúncia de crimes que os ameacem. Por fim, o governo, através de órgãos específicos, como a FUNAI, precisa voltar seus olhos às necessidades indígenas e dedicar-se ao amparo e à preservação dessas comunidades. Nas palavras de Carlos Drummond de Andrade: "não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas". Só assim poderemos fazer do Brasil acessível a todos.