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Enviada em: 13/07/2017

O escritor brasileiro Lima Barreto – em sua obra intitulada “O triste fim de Policarpo Quaresma” – retrata a ardente valorização da língua tupi-guarani no Brasil. Nesse sentido, na contemporaneidade, o arranjo social brasileiro, diferente da virtude abordada pelo escritor, acentua a sua impiedosa rejeição pela consolidação cultural indígena. Todavia, por serem base da história nacional, os índios são dignos da atenção e do respeito tanto do Estado quanto da população. É preciso considerar, antes de tudo, os prejuízos culturais vivenciados pela etnia. Nessa lógica, inseridos em uma sociedade cuja identidade converge à abordagem do sociólogo Zygmunt Bauman, da “Modernidade Líquida”, os indígenas têm seus patrimônios materiais e imateriais negligenciados por uma visão alienada e isenta de aspectos humanísticos de muitos brasileiros. Perturbados pelo homem urbano que assola seus espaços, massacrando, tirando-lhes a “vida”, esta sustentada nos recursos naturais devastados, os índios são fortemente violados no Brasil. Tudo isso, porém, se torna “menos cruel” ao notar o comportamento preconceituoso, deste mesmo homem, aos indígenas que, quando fragilizados do apassivamento opressor vivido nas suas terras, recorrem aos centros urbanos para se inserir e, sobretudo, sobreviver, com base em trabalhos e em estudos longe do lar. De fato, tornam-se vítimas de uma literal desconstrução cultural. Por outro lado, ressalta-se, ainda, a atuação insuficiente dos aparatos legais. A FUNAI é um órgão governamental cujo objetivo é garantir a preservação da delimitação territorial indígena e, como consequência, sustentar a existência da sua cultura. O cenário atual, no entanto, é descrito pelo incessante conflito destes povos com latifundiários que, mergulhados na ambição capitalista pelo lucro, dizimam índios e tomam suas áreas de sobrevivência para alavancar, a todo custo, o sucesso do agronegócio, como tem ocorrido na região do Mato Grosso do Sul. Desse modo, essa repudiante conjuntura explicita que mesmo assegurados, na teoria, pela Constituição Federal, os indígenas são desvalidos dos esforços públicos de fiscalizar e de punir esses agentes criminosos sugadores de terra, o que implica, infelizmente, reforço à desfragmentação da identidade brasileira.  Visto isso, é necessário reverter esse quadro do cenário nacional, oferecendo aos indígenas uma literal estabilidade de vida, como propõe a Constituição. Portanto, escolas e universidades podem oferecer à comunidade eventos nos espaços públicos, como palestras e atividades lúdicas articuladas da cultura analisada, que a conscientize acerca do valor e do respeito aos índios, como bases da história do país. Ademais, o Governo Federal precisa ampliar o quadro de profissionais nas aldeias, visando à oferta efetiva dos serviços públicos assistencialistas, além de reforçar a fiscalização territorial, objetivando a garantia da vida e do usufruto cultural desses povos. Valorizá-los é ser, de fato, um brasileiro.