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Enviada em: 06/10/2018

Segundo Aristóteles, em sua obra "Ética a Nicômaco", o indivíduo ético é aquele que busca a vivência de suas potencialidades. Contudo, diferente de Immanuel Kant, sociólogo alemão, Aristóteles desconsiderava os feitos de tal procura para o corpo social. Hodiernamente, diante das frequentes denúncias de corrupção política e empresarial no Brasil, nota-se que a ética aristotélica prepondera no país, o que reflete a liquidez moral de parte dos brasileiros, bem como, a ineficácia das políticas públicas corretivas e investigativas da nação.        Diante disso, é indubitável que o desprezo social aos valores éticos-morais, como a honestidade, esteja entre as causas dessa problemática. De acordo com Zygmunt Bauman, em seu escrito "Modernidade Líquida", a sociedade contemporânea caracteriza-se pela dissolução dos preceitos morais, o que estimula o individualismo em detrimento dos interesses coletivos. Nesse contexto, a prática da corrupção tanto no meio político, como no social, a exemplo da lavagem de dinheiro, superfaturamento de obras públicas e sonegação de impostos, frequentemente denunciados, corroboram com os pensamentos do sociólogo, uma vez que, transparece a ética individualista e mesquinha de parte dos representantes políticos e da população brasileira que pouco refletem sobre as consequências de seus atos para o corpo social.         Outrossim, a ineficácia das políticas punitivas e investigativas no Brasil agrava tal quadro. Para os filósofos contratualistas, como Hobbes, é dever do Estado garantir a justiça na sociedade. No entanto, observa-se que tal ideal não é devidamente praticado pelos órgãos públicos brasileiros, haja vista que, a despeito da Lei Anti-Corrupção, os crimes de improbidade administrativa, como o enriquecimento ilícito e danos ao erário, são, em sua maioria, pouco apurados e punidos no país, o que reflete a morosidade do sistema da justiça nacional e provoca a banalização dessas contravenções frente a não punição de seus autores.        Dessa forma, urge que o Estado Brasileiro tome medidas que promovam a solidificação dos valores éticos-morais nos indivíduos. Destarte, o Ministério da Educação, junto às mídias, devem estimular o debate público a respeito da distinção entre certo e errado em uma perspectiva ética, por meio de palestras, campanhas midiáticas e rodas de conversas, nas escolas, para os pais e os alunos, a fim de desenvolver a capacidade crítica, maioridade, dos brasileiros, a qual, segundo Kant, é essencial para a tomada de decisões éticas que visem o bem-estar social. Por fim, a Sociedade Civil Organizada deve, mediante audiências públicas e protestos pacíficos, exigir a punição dos crimes de corrupção política pela Sistema Judicial Nacional, para garantir, assim, o direito à justiça outrora compactuado.