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Enviada em: 02/02/2019

Em discussões na época do Iluminismo, que culminou na  formação do Estado moderno, entre os séculos XVII e XVIII, o conceito de ética foi fortemente discutido e definido pelo filósofo francês Leibniz em preceitos morais básicos, como não prejudicar a vida alheia e viver honestamente. No Brasil, o conceito não é diferente, e há uma ampla percepção do país e de seus cidadãos como potenciais e irremediáveis transgressores éticos, de pensamentos egoístas, comportamentos englobados no chamado "jeitinho" brasileiro. Entretanto, há uma dificuldade de compreensão no papel de cada individuo na composição de uma sociedade ética, já que é necessário se policiar em seus comportamentos e, principalmente, ser um exemplo, com intuito de poder exigir tal conduta de outros.       Atualmente, já há uma sensação de que todos nós, brasileiros, somos corruptos. Isto é observado por inúmeros casos no cotidiano, como por exemplo, não obedecer as regras de trânsito, prática de preços abusivos no comércio, sonegação de impostos, "furar" fila, práticas corriqueiras, que contam com a conivência da sociedade, embora sabe-se que não é correto. Ademais, muitos indivíduos têm dificuldade de observar seus próprios desvios morais, e assim guarda-se espaço apenas para o julgamento alheio entre as pessoas, sem dúvidas, uma atmosfera tóxica para o país.       Do mesmo modo, há uma dificuldade individual de cobrar práticas honestas na sociedade, uma aceitação de certos desvios morais e, assim, o que é errado é raramente notificado. Na cidade de Maringá, no Paraná, uma ONG pregou adesivos chamativos na lataria de um carro que estacionava em uma vaga de deficiente físico. No cotidiano, a maior parte das pessoas simplesmente seriam omissas com o caso, mas, dada a exposição, houve um enorme repúdio popular no local e o motorista teve de sair da vaga visivelmente constrangido, fato que prova que é necessário uma coletividade para cobrar ética no Brasil, já que não há uma percepção de "vigilância" de má conduta vigente.        Portanto, a questão envolve tanto o lado individual quanto mudanças sociais, que dificilmente terão efeito imediato, mas levará uma noção maior de lisura nas próximas gerações. O civismo e respeito ao direito alheio devem ser componentes curriculares de todas as escolas brasileiras, desde o ciclo básico da educação, fortalecendo em disciplinas das ciências humanas. O Ministério da Educação, como gestor de diretrizes que norteiam o conteúdo ensinado, deve focar crianças e adolescentes não só  a serem ilibados, como notificar aqueles que agem fora dos preceitos morais básicos descritos por Leibniz, inclusive os próprios pais, que certamente terão um cuidado maior em ser exemplo a seus filhos. Assim, caminharia-se a abolir o "jeitinho" nacional e substituir por práticas de decoro que transformarão o país, de fato, em um Estado efetivamente moderno.