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Enviada em: 30/06/2018

De acordo com a teoria contratualista do filósofo Thomas Hobbes, em algum momento da história os indivíduos que compõe a sociedade teriam abdicado de sua liberdade individual para fazerem um contrato com o estado. Segundo esse pacto a instituição estatal deveria assegurar aos pactuantes direitos básicos como segurança. Diante de tal teoria, fica evidente a inviabilidade do livre porte de armas, visto que a população seria responsável pela própria proteção, rompendo com o contrato.     Nesse contexto, averigua-se que os defensores do livre armamento possuem a conveniente premissa de que o Governo é incompetente para garantir a segurança dos cidadãos. Porém , eles se baseiam  na ideologia de justiça com as próprias mãos e constantemente, a fim de convencer a população, apropriam-se de dados de países como a Alemanha que, embora  disponha de trinta armas de fogo a cada cem mil habitantes, possui taxas ínfimas de homicídio conforme informações da revista Veja.      Entretanto, ainda que o Estado não apresente uma política eficiente de combate à violência o livre porte de armas não deve ser permitido, pois não resolverá o problema de segurança pública. Antes constituirá uma artimanha capaz de desvincular do Governo suas responsabilidades e de camuflar problemas estruturais do Brasil, como a falta de oportunidades a todos os cidadãos que culmina na violência. Além disso, comparar o Brasil , país subdesenvolvido e com inúmeros impasses em sua estrutura socioeconômica , com países desenvolvidos como a Alemanha é inconcebível, uma vez que estão inseridos em realidades completamente diferentes. Em uma sociedade, na qual parte significativa da população vive uma cultura de intolerância à religião, cor e sexualidade, como a brasileira, a liberação de armas só potencializaria esse ódio como afirmou Mário Sergio Cortella.     Logo, para que o armamento autêntico não seja permitido é imprescindível que Organizações Não Governamentais de combate à violência, juntamente com a imprensa busquem conscientizar a população por meio das mídias sociais, radiofônicas e televisivas, sobre o dever do Estado de assegurar a segurança pública. Essas campanhas também precisam deixar claro que os países adotantes do livre armamento que alcançam a diminuição da bestialidade não têm tantos problemas de infraestrutura como é o caso do Brasil, e incentivar os cidadãos a reivindicarem seus direitos perante o Governo. Feito isso, cabe à sociedade, por intermédio de protestos e passeatas exigir do governo o cumprimento do contrato.