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Enviada em: 10/07/2018

John Locke, famoso filósofo inglês, disse em seu tratado sobre guerra civil: “Sendo razoável e justo eu devo ter o direito de destruir aquele que me ameaça com destruição”. Séculos depois tal pensamento permanece forte naqueles que acreditam que uma sociedade armada é a solução para a criminalidade. Nesse contexto, questionar-se-á garantia de paz à custa de conflitos armados e se essa é a única vertente de resolução.        Existe uma continua crise na segurança pública graças a criminalidade que só cresce no país. Essa realidade atrai cada vez mais a comunidade para a exigência de um armamento civil visando autodefesa. Convém mencionar que a difusão das armas pode levar a mais casos de homicídios por três vertentes: primeiro quanto mais fácil acesso às armas mais seu preço no mercado ilegal diminui, facilitando o acesso aos criminosos; segundo, que as chances de um civil armado morrer são maiores num confronto, e enfim, acidentes e conflitos em trânsitos, bares, locais públicos e domicílios que normalmente terminariam em investidas verbais e físicas, acabam por serem letais com armas em mãos.        Segundo o Mapa da violência de 2017 72% dos casos de homicídio foram por armas de fogo. Também, segundo esses dados as regiões norte e nordeste cuja criminalidade é mais letal tiveram um aumento do número de armas de fogo. Permanece o perfil de homens, jovens, negros e de baixa escolaridade como principais atores nos crimes de qualquer natureza. É nesse sentido que trabalhar as questões que calçam a violência como educação, trabalho, moradia e inclusão social é a forma de atacar o problema em seu núcleo. Por outro lado, o armamento civil ou o fim do estatuto do desarmamento não passam de respostas paliativas num contexto que coloca em dúvida a civilidade e razão humana. Logo, uma “paz velada” é a máxima que uma sociedade armada conseguirá.       Compreende-se, portanto, que trabalhar questões sociais e educativas é central na problemática. A priori, cabe ao governo em suas três esferas mapear as áreas de maior criminalidade e alocar maior policiamento. Ademais, deve-se nas comunidades mais carentes criar programas sociais que auxiliem em empregos decentes e possibilidade de ascensão social. Do mesmo modo, as escolas devem integralizar o ensino com início na grade fundamental e incluir não apenas assuntos didáticos, mas oficinas, palestras e minicursos sobre criminalidade. Finalmente, a lei deve imperar sobre as armas, e como tal, penas mais severas devem ser instituídas.