Materiais:
Enviada em: 02/08/2018

De acordo com dados de 2012 do Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos, o Brasil é o país com a maior taxa de homicídios por armas de fogo dentre os doze países mais populosos do mundo. O número de mortes violentas em nosso país é superior inclusive aos ocorridos anualmente na Guerra da Síria. A anuência do livre porte de armas no Brasil é capaz de agravar esses índices negativos, dado que isso acarreta redução de seus preços no mercado ilegal, acentua chances de homicídio a portadores e confere falso senso de proteção aos cidadãos de bem.       Destarte, é importante salientar que muitos argumentos desfavoráveis ao porte de armas exaltam que isso perpetua a impossibilidade de defesa às pessoas, enquanto que as armas continuam nas mãos de criminosos. Entretanto, burocratizar e dificultar o acesso às armas faz com que seu valor de revenda seja elevado no comércio ilegal, seguindo ainda a lei da oferta e da procura desenvolvida por Adam Smith. Além disso, as armas roubadas e extraviadas alimentam o mercado negro, fazendo com que ainda mais delas cheguem a mãos erradas.       Ademais, o porte de armas mascara fragilmente a insegurança das pessoas. De acordo com Julio Waiselfisz, autor do Mapa da Violência, um portador de arma de fogo tem chances de 60% a 70% maiores de ser assassinado ao entrar em conflito. Esses equipamentos foram projetados para ferir e para matar e, portanto, devem ser interpretados como elementos agravadores da violência. Esse fato pode ser percebido, por exemplo, na diminuição expressiva dos índices de homicídios acarretados por armas de fogo desde que o Estatuto do Desarmamento foi sancionado no fim de 2003 pelo então presidente Lula.       Outrossim, é relevante que o Ministério da Segurança Pública tome medidas que mitiguem o acesso  a armas de fogo, como a implantação de um número ainda maior de postos de recolhimento e a conferência de indenizações mais elevadas àqueles que optem por entregar suas armas, uma vez que isso incentivaria cidadãos a se desfazerem destas em troca de compensações financeiras. Além disso, o mesmo Ministério pode tornar mais burocrático e mais caro o acesso a esse tipo de equipamento, haja vista que isso impactaria sua chegada ao mercado ilegal e facilitaria a fiscalização e a investigação no caso de armas extraviadas ou roubadas. Sendo assim, quanto menor o número de armas de fogo disponíveis, menor são as chances de pessoas utilizarem instrumentos que tornam tão facilitada a morte de outrem, e podemos então dar mais passos em um caminho que conduza a uma sociedade com maior senso de paz e de respeito à vida.