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Enviada em: 27/10/2018

Em março de 2018, veículos midiáticos anunciavam o fuzilamento brutal de uma vereadora carioca durante uma visita em uma comunidade carente da cidade do Rio de Janeiro. Mulher, negra e voz ativa na conquista pelos direitos femininos, Marielle Franco foi duramente silenciada, a tiros, no estado que, atualmente, possui grandes representantes políticos pró-armamentistas. Nesse sentido, o viés da liberação do porte de armas, agente que tirou a vida de Marielle, vai muito além do simples combate à violência ou da defesa pessoal, sendo pressuposto para uma reflexão sobre os efeitos negativos que essa discussão pode configurar à sociedade do Brasil.   Inicialmente, é importante ressaltar que armamentação da população não é a solução para a violência. Dados do Atlas da Violência, mostram que a chance de morte à uma abordagem é de 8 vezes maior quando se reage, ou seja, o porte de armas não assegura que um cidadão se sobressairá a um assalto, corroborando ,assim, não só para a continuidade da violência, como também para o aumento no índice de assassinatos. Além disso, vale destacar sobre a maior circulação de armas no mercado, que, se hoje já está inflado, possibilitará ainda mais acesso para que bandidos obtenham-as facilmente. Sendo assim, nota-se inviabilidade na questão da diminuição da violência com a liberação do porte armamentista.   Ademais, a responsabilidade do Estado sobre a segurança dos indivíduos deve ser consolidada. Com o livre porte de armas em vigor, o papel do Governo em relação à segurança e à proteção da população é sufocado, causando assim, uma ineficiência na tentativa de auto-defesa dos cidadãos, já que não possuem treinamentos ou instruções sobre como agir em situações específicas. Ainda mais, com a implantação do Estatuto do Desarmamento, em 2003, os índices de homicídios com armas de fogo caíram de 8% ao ano, para 2% na mesma escala. Nessa perspectiva, a constatação que se tem desses dados, é que quebrar com esta política, significa aumentar os índices de mortes por armas novamente.  Infere-se, portanto, que a liberação do porte de armas não é a melhor alternativa para que o atual cenário brasileiro mude. Para tal objetivo, o Governo deve reformar o sistema de segurança nacional, por meio da maior capacitação de policiais e de delegacias, a fim de tornar as cidades mais seguras e pacíficas. Em adição, às Ongs, em conjunto à mídia, o papel de ampliar medidas de lazer e de educação em comunidades pobres, juntamente à mobilização popular, garantindo, assim, que jovens não se tornem vítimas da marginalização das ruas. Assim, fazendo valer tais medidas, talvez, vozes influentes como a de Marielle Franco possam se consolidar mais ainda para a construção de um país melhor.