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Enviada em: 28/02/2019

Em sua etimologia, justiça é o princípio básico que garante a ordem social através da preservação dos direitos em sua forma legal. Em 1974, os ideais de justiça pelas próprias mãos foram figurados em histórias de quadrinhos com a publicação de Punisher, pela Marvel Comics. Mesmo sendo considerado um anti-herói, a imagem do justiceiro como herói social tornou-se aceita, culturalmente, por jovens e cidadãos que conceituavam justiça como ato de vingança e violência. Assim como nas décadas de 70 e 80, os justiceiros sociais eram aclamados pela sociedade; na dinâmica pós-moderna brasileira, há a mesma aclamação. Todavia, há o desejo por cidadãos de bem de cumprir a justiça individual por meio da posse de armas. Nesse âmbito, indaga-se a causalidade desses fatores no plano civil.    Em primeiro plano, destaca-se o principal fator para aspiração por justiça na esfera popular: o aumento da violência urbana. Segundo o Atlas da Violência , no ano de 2016, a taxa de homicídio era equivalente a 30,3 mortes para cada 100 mil habitantes. Apesar disso, as políticas e recursos públicos destinados a segurança nacional ainda são escassos, causando assim, a vontade de defesa própria por civis através do armamento. Nesse contexto, cria-se um paradoxo social, visto que cidadãos, uma vez inocentes, apoiam o uso de armas (objeto de violência) como forma de erradicação de violência.       Dessarte, vale ressaltar o pensamento acerca da violência pelo filósofo Walter Benjamin, o qual evidencia que a resolução não violenta dos conflitos só é possível na medida em que não se exclua  a violência. Logo, deve-se considerar os fatos sociais e o problema principal acerca da violência urbana,  a fim de criar mecanismos coerentes e efetivos para solucioná-la. Nota-se, dessa forma, que o desemprego, a pobreza e a falta de acesso à educação são os principais fatores do aumento da violência urbana, causados pelo descaso político, e são os que devem ser combatidos. Dessa maneira, o Estado torna-se responsável por garantir a paz e a segurança dos civis e não, os próprios cidadãos.  Por conseguinte, evita-se um estado de guerra entre os grupos sociais.      A posse de armas, portanto, deve ser evitada a fim de assegurar os Direitos Humanos dos cidadãos brasileiros à vida e à liberdade, uma vez que incita um estado de guerra entre vítimas sociais do Estado. Desse modo, a ação do Ministério do Desenvolvimento em fomentar projetos ecológicos e de energia renovável da iniciativa privada para reorientação do crescimento econômico, no intuito de gerar empregos seria uma alternativa para o desemprego e assim, seria o primeiro passo para a redução da violência urbana. Ademais, cabe ao Ministério da Justiça responsabilizar-se pelo combate da criminalidade por meio da atuação sobre os grupos de risco, erradicando seu caráter potencializador do delito com penalização, para assim, evitar a necessidade de justiceiros civis.