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Enviada em: 20/03/2019

Conforme o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um corpo biológico, por apresentar, assim como esse, partes que interagem entre si. Dessa forma, para que esse organismo seja igualitário e coeso, é necessário harmonia social, cuja plenitude se dá na asseguração de direitos. No entanto, isso não ocorre no Brasil, uma vez que o Estado, ao incitar o porte de armas, ratifica a ideia de que não é mais capaz de proteger os cidadãos. Com isso, o armamento faz-se medida perigosa, já que instiga a violência e reforça desigualdades.       A princípio, pode-se afirmar que o porte de armas fomentaria, ainda mais, a violência urbana. Isso porque, além de não existir preparação e educação adequadas por parte da sociedade e dos órgãos públicos brasileiros (a polícia militar do Rio de Janeiro, por exemplo, é a que mais mata e mais morre no país), uma arma de fogo intenciona, principalmente, a execução de outro ser. Nesse sentido, aliado à intolerância e às barbaridades do ódio da atual conjuntura, o armamento elevaria drasticamente a tensão social hodierna. Prova disso é o atentado à escola Raul Brasil em Suzano (SP), onde jovens conhecidos por vangloriar o uso das armas e incitar o ódio em redes sociais mataram estudantes e funcionários.     Outrossim, o armamento hoje não significa pleno acesso por todos cidadãos, fato que reforça desigualdades - as bases do Brasil. Segundo dados do Jornal Globo, a posse de uma arma custa, no mínimo, quatro mil reais. Tal despesa em um país cuja metade da população possui renda média de setecentos reais (IBGE) representa a perversa ausência de iguais oportunidades entre os indivíduos. Assim, torna-se provável que a maioria dos brasileiros fique submetida ao abuso de uma minoria armada (ricos, policiais e milicianos) às custas de uma falsa sensação de segurança, enquanto autoridades públicas brincam de gesticular armas com as mãos com crianças.        Portanto, vê-se que a permissão do porte de armas ratificaria um Estado desigual e  ineficiente em querer proteger o seu povo. Destarte, a fim de que se reverta essa situação alarmante, o Governo, na figura do Ministério da Segurança, pressionado pela população conscientizada por manifestos e movimentos anti-armas de ONGS, entidades públicas e ativistas, deve coibir o porte de armas, mediante o endurecimento do Estatuto do Desarmamento, o qual deve ser posto em prática a partir de projetos de lei que objetivam o fortalecimento das fiscalizações acerca do armamento ilegal e a educação sociopolítica dos brasileiros sobre segurança pública e Diretos Humanos. Desse modo, a sociedade será, de fato, um corpo biológico de Durkheim.