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Enviada em: 10/03/2018

Título: A violência está além das armas       Os altos índices de violência, no Brasil, reacendem a discussão acerca da viabilidade de se liberar a posse de armas de fogo pela população. Neste contexto, surgem opiniões que apoiam ou desestimulam o armamento da sociedade, considerando, em cada caso, a relação entre armas e crime. É preciso observar, entretanto, que esta medida, por si só, não será suficiente para a redução daqueles índices e poderá, inclusive, produzir o efeito oposto ao pretendido: o aumento do número de mortes.       O Estudo Global de Homicídio, publicado pela Organização das Nações Unidas, mostrou que embora o Brasil possuísse menos de 10% de número de armas "per capta" dos Estados Unidos, sua taxa de mortes por armas de fogo era quase cinco vezes maior. Isso mostra, segundo Carlos Orsi, que comparar política de armamento civil com dados de segurança pública não é a maneira adequada de se posicionar em relação a este tema, já que a violência depende, ainda, de fatores como educação e desigualdade social.       Outro ponto a ser considerado, no que diz respeito à permissão para o porte de armas, é o fato de que o ser humano, em situações de elevado estresse, pode ser levado a um quadro de descontrole emocional e a fazer o uso do armamento de maneira não pensada, em brigas entre familiares ou discussões de trânsito, por exemplo. É preciso ponderar, ainda, sobre a questão do acesso facilitado que crianças e adolescentes poderão ter a armas guardadas em casa, pelos pais. Estas situações, de um modo global, podem desencadear acidentes, homicídios, e elevar o número de mortes causados por armas.           A resolução do problema da violência no Brasil, portanto, não deve ser realizado pela liberação do porte irrestrito de armas de fogo, mas sim a partir de estratégias que melhorem os investimentos adequados em educação, na redução das desigualdade e no combate ao tráfico de drogas. É papel do Ministério da Educação a instrução de crianças e adolescentes, na formação de base, acerca dos riscos envolvendo o porte de armas, por meio da inclusão deste assunto na matriz curricular nacional. Desta forma, a formação de cidadãos conscientes contribuirá com o combate à violência e com a redução do número de homicídios.