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Enviada em: 20/05/2018

Houve um tempo em que o que amedrontava as pessoas eram monstros ou criaturas fictícias. Hoje, porém, a sociedade brasileira teme a violência, uma infelicidade banal nas ruas de todo o país. Essa problemática leva os indivíduos a desejar cada vez mais um instrumento bélico para se defender e, mesmo essa não sendo a solução mais eficaz, o número de discursos que defendem o livre porte de armas aumentam diariamente. Com efeito, uma ação conjunta entre sociedade e autoridades estatais sobre os caminhos para combater o que gera o desejo do armamento pelos civis, é medida que se impõe.    Em primeiro plano, vale salientar que a falência da segurança pública no Brasil é uma dos principais motivos pelos quais a violência no país aumenta. Os profissionais da área, sobretudo os policiais civis, encontram-se em situações decadentes de trabalho, seja por falta de ferramentas, pelo salário desvalorizador, ou pelo desrespeito de uma parcela considerável dos brasileiros com esses profissionais. Essa situação, além de desmotivadora, impede que o trabalho da polícia seja realizado de maneira eficiente, o que corrobora para o crescimento do índice de criminalidade e desejo da população autodefesa.    Outrossim, ressalta-se ainda a questão do individualismo abordado pelo sociólogo Zygmunt Bauman em sua obra "Modernidade Líquida". Nesse âmbito, observa-se que o Estado, cujo dever é garantir a segurança da pátria através de seus mecanismos, encontra-se apático frente a questão da defesa do país. Sendo assim, a sociedade se sente abandonada pelos seus líderes e começa a acreditar que sua segurança depende de si própria, o que fortalece ainda mais os discursos a favor do livre porte de armas, sendo isso algo de extrema negatividade porque, caso isso seja permitido, poder-se-á aumentar ainda mais os números de homicídios.    Torna-se evidente, portanto, que o porte de armas não é uma solução para os problemas de segurança do Brasil. Partindo de tal premissa, cabe ao Ministério da Segurança Pública replanejar o direcionamento de suas verbas a fim de aplicá-las de modo mais eficiente em áreas estratégicas ou sucateadas - o investimento em infraestruturas policiais é uma bom começo. De maneira análoga, é dever dos cidadãos e das escolas, promover eventos, como palestras e seminários educativos, que demonstrem as consequências do armamento pelos civis e reconhecimento de que esse deve ser feito, na verdade, pelos profissionais da guarda protetora. Por fim, em consonância com Gandhi, analisa-se que "Olho por olho e o mundo acabará cego", ou seja, a redução do índice de violência no Brasil não depende do armamento civil, mas sim da valorização daqueles cujo o dever é defender a união.