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Enviada em: 12/06/2019

“Na sociedade de consumidores ninguém pode se tornar sujeito sem primeiro virar mercadoria”. A fala do sociólogo polonês Zygmut Bauman tematiza o consumo como figura principal das relações sociais na contemporaneidade. É nesse contexto em que surge a obsolescência programada, em que novos produtos são fabricados para que os anteriores se tornem obsoletos e estimule o comércio. Dessa forma, a projeção social almejada pelo consumismo e a obsolescência programada incentivam o indivíduo a comprar mais, o que resulta numa maior produção de lixo e outros resíduos.      Inicialmente, é necessário reconhecer que, com a consolidação do capitalismo, sobretudo após o final do século XX que marcou sua hegemonia sobre as nações do globo, as relações passaram a girar em torno do mercado. Com isso, o indivíduo, inserido em um contexto de produção em massa, passou a enxergar no produto adquirido seu status social. Outrossim, segundo o conceito desenvolvido pelo sociólogo Karl Marx de “fetiche da mercadoria”, o bem material adquire um significado maior ao poder ter uma projeção social e reafirmar um estilo de vida. Prova disto é o vídeo amplamente divulgado nas redes sociais intitulado “Quanto custa o ‘outfit’”? em que jovens brasileiros exibem um padrão de vida elevado em suas roupas e buscam obter tal projeção.     Em decorrência disso, a produção de lixo resultante do consumo desenfreado tem provocado inúmeros impactos socioambientais. Sendo assim, conforme o cientista Antoine Lavoisier: “Na natureza nada se cria, tudo se transforma”, todo bem material adquirido resulta num acúmulo de lixo após seu descarte, uma vez que o mesmo simplesmente não desaparece depois da coleta de lixo. Estes impactos vão desde a ocorrência de enchentes em regiões mais pobres, pela falta de local adequado para o descarte de resíduos sólidos, até mesmo a contaminação do solo pelo descarte incorreto de lixo eletrônico. Tal cenário debatido deve ser urgentemente revertido.       Portanto, o impacto do consumo na vida social do indivíduo não deve ser negligenciado. Logo, cabe inicialmente à sociedade buscar desenvolver o “consumo consciente", isto é, buscar o que é necessário na hora de escolher o que comprar, de quem comprar e definir a maneira de usar e como descartar o que não serve mais. Tal prática desenvolve-se pelo planejamento na hora de efetuar compras além do hábito de separar o lixo ou bens inutilizados para que possam ser reaproveitados. Ademais, cabe ao governo promover incentivos fiscais às empresas que adotem medidas de recolhimento de produtos descartáveis para o descarte adequado, a fim de estimular tal prática ecologicamente consciente. A partir de tais ações veremos o sujeito além da mercado-ria e da projeção social que ela possui, sendo, por fim, independente da influência do consumo sobre sua vida.