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Enviada em: 29/06/2019

"Não se pode escapar do consumo: faz parte do seu metabolismo!". Foi assim que Zygmunt Bauman definiu a propensão humana ao consumismo, na contemporaneidade. Essa premissa do célebre pensador polonês se faz dramaticamente pertinente quando se trata do consumo exacerbado e a intensa geração de resíduos no Brasil. Nesse sentido, é importante discorrer acerca dos fatores que permitem o desenvolvimento do problema, visando à sua remediação.                 Em primeira análise, cabe entender que o fenômeno da obsolescência programada, comum ao capitalismo, maximiza a produção de lixo. Esse ponto se justifica à medida que as empresas costumam produzir mercadorias previamente elaboradas para serem rapidamente descartadas, fazendo com que o consumidor comprem um novo produto em breve. Tal ideia pode ser confirmada pelo pensamento de Guy Debord na ''sociedade do espetáculo'', o qual afirma que o capitalismo toma o meio ambiente e humano, refazendo o espaço sob sua lógica de dominação absoluta. Assim, percebe-se que o aumento do consumo, impulsionado pelo sistema econômico vigente, leva também ao aumento da demanda por recursos naturais e maximiza a produção de lixo, causando, portanto, uma problemática ambiental.                 É válido ressaltar, ainda, a falta de compromisso do Estado com a destinação e o tratamento adequados do lixo, como causa marcante do problema. Isso porque, apesar de apresentar uma produção de resíduos sólidos por habitante por ano semelhante à de países desenvolvidos, segundo a análise feita pela Associação Brasileira das Empresas  de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, o Brasil ainda tem um padrão de descarte equivalente ao dos países pobres, com envios para lixões a céu aberto e pouca reciclagem. Dessa forma, é notória a má gestão governamental alimentando o problema do lixo na sociedade brasileira.                   Fica evidente, portanto, que o consumo desenfreado é um fator de preocupação ambiental para os brasileiros, quadro que precisa ser atenuado. Para isso, é fundamental que as escolas estimulem, nos jovens, uma reflexão sobre o consumo, por meio de pesquisas e rodas de conversa as quais apliquem ideias da sociologia e da economia à realidade prática, com o fito de incentivar os estudantes, desde cedo, a consumirem de modo sustentável e consciente. Além disso, cabe ao poder municipal o trabalho de coleta de lixo, limpeza urbana e destinação final dos resíduos,logo, as prefeituras devem montar sistemáticas de coleta seletiva, separação e venda de recicláveis, gerando uma receita que sustentaria a própria estrutura para esse trabalho, a fim de reduzir o acúmulo de lixo nas cidades.