Desde a Primeira Revolução Industrial e a ascensão do capitalismo até o século XXI, evidencia-se um crescente aumento no que se refere à produção e consumo de bens materiais. Concomitantemente à esse crescimento, percebe-se uma elevação preocupante na geração de lixo, o que traz inúmeras consequências negativas à sociedade e ao meio ambiente. Nos séculos XVIII e XIX, a produção fervorosa de bens materiais e o sistema econômico majoritário vigente nessa época instigaram, na sociedade, a necessidade de se consumir, com o intuito de movimentar a economia. Desde então, a cultura de consumo se consolidou nos países capitalistas, nos quais se inclui o Brasil. Como resultado disso, evidencia-se uma geração de lixo absurda: segundo o estudo "Panorama dos Resíduos Sólidos" da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2017, a produção anual de resíduos sólidos urbanos foi de cerca de 78 milhões de toneladas - o que equivale a 52 milhões de carros de 1.500 quilogramas de massa. Com o descarte exacerbado de detritos, o ambiente e a sociedade sofrem consequências negativas, pois o excesso de lixo é danoso ao ecossistema no qual a humanidade e os outros seres vivos habitam. Segundo a Abrelpe, no mesmo estudo de supracitado, cerca de 7 milhões de toneladas de resíduos não foram coletados, sendo, portanto, despejados em locais inadequados. Tal destino acaba por poluir os solos e as águas próximos à região de descarte, acarretando, por exemplo, à eutrofização de lagos, à acidificação de solos e à poluição de lençóis freáticos, devido ao chorume da matéria orgânica. Esses impactos ambientais afetam diretamente as comunidades circunvizinhas, pois as susceptibilizam às diversas doenças decorrentes da contaminação pela poluição - como as febres entéricas e disenterias. Portanto, torna-se fundamental buscar maneiras de amenizar a problemática em questão. Como intervenção paliativa, as Prefeituras devem ampliar, com recursos da Federação, as áreas de cobertura de coleta seletiva e regular. Por meio da expansão de pontos de coleta e da frota de veículos, será possível diminuir a quantidade de lixo descartado de modo indevido - e consequentemente reduzindo as taxas de incidência de doenças de transmissão fecal-oral - e aumentar a quantidade que é devidamente reciclado. Já como intervenção à longo prazo, é essencial alterar os hábitos da população em relação ao consumismo e ao descarte inadequado de resíduos. Para tal, cabe às famílias educarem os filhos, a partir de diálogos sobre a necessidade de preservar o meio ambiente e de consumir apenas o que é necessário, com o fito de criar mais jovens conscientes que saibam viver em harmonia com a natureza.