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Enviada em: 26/07/2019

“Até que tenhamos começado a viver sem elas. Não conseguimos perceber o quão desnecessárias muitas coisas são. Nós vinhamos usando-as não porque precisávamos delas, mas porque as tínhamos”. A citação pertencente a Sêneca, intelectual do antigo Império Romano, reflete a sociedade de consumo do Brasil, país em desenvolvimento, cujo consumo material e produção de resíduos é equivalente a de um país desenvolvido, o que representa um problema, pois o manejo do lixo no país é inadequado para sua proporção. Dessa forma, se estabelece uma relação problemática, entre o lixo e a sociedade de consumo no Brasil.     Primordialmente, é imperioso destacar duas características que sustentam a sociedade de consumo: a produção de produtos supérfluos em massa, e ao ideário imbróglio de satisfação ao possuir esses produtos. Algo evidenciado na obra literária “Clube da Luta”, de Chuck Palahniuk, “consumimos o que não nos é útil e temos o que não utilizamos, e, por fim, nunca estamos satisfeitos”. A insatisfação mencionada, leva ao descarte prematuro e muitas vezes inadequado de produtos. Ademais, o Brasil produz em média 387 quilos de resíduos por habitante ao ano e apenas 40% do lixo vai para local adequado, segundo a Global Waste Management, o que representa um problema pungente hodierno, provocado por consumidores ao acreditarem na ideia contraproducente de que o lixo deixa de existir a partir do momento que é descartado. Dessa forma, é possível observar a necessidade da sociedade brasileira aderir a uma conduta de consumo consciente e sustentável.      Ao averiguar o consumo massivo de bens e a produção de resíduos em demasia, como resultados diretos da etapa avançada de desenvolvimento do Brasil, depreendem-se a gênese da sociedade de consumo e a problemática do lixo. Logo, compete ao Ministério Público reforçar a fiscalização do cumprimento da Política Nacional de Sólidos (PNRS), por meio de inspeções municipais adjunto aos governos estaduais e multar as cidades que ainda utilizarem lixões, de modo a se valer da lei 12.305, que institui a substituição desses por aterros sanitários. É de fundamental importância que a mídia desempenhe seu papel, veiculando propagandas animadas de incentivo ao consumo consciente e sustentável, provocando o questionamento do consumidor sobre a real necessidade de comprar algo e sobre sua utilidade. Nessa conjuntura, levar à sociedade de consumo questionamentos sobre necessidade e consumo, cuja conclusão se assemelhe a de Sêneca.