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Enviada em: 05/07/2018

Apesar do advento das vanguardas e do modernismo, ainda predomina nas escolas o modelo classicista mimético para o ensino da literatura. Provém deste fato, a pouca presença crítica questionadora que os alunos/leitores apresentam no entendimento das obras, do cotidiano, bem como na compreensão de seu semelhante, pautados na ausência do debate e na incapacidade do diálogo, crentes que o novo destituirá de valor o que existia anteriormente. Todavia, não existe criação que não se baseie em algo precedente, seja por conceito, crítica ou continuidade. Logo, os principais desafios  atuais da literatura são: o preconceito determinístico e a dificuldade em acesso universalizado.      Despertar a capacidade para a associação de ideias, a fluência na fala e na escrita, a reinterpretação do cotidiano sob novas óticas e ângulos. Denunciar ou daguerreotipar uma época ou contexto. Meio de manifestação político-social, de estímulo às emoções, à sensibilidade e à humanidade. Meio de transformação; eis algumas das várias capacidades da literatura. Embora esta tenha percorrido novos caminhos em busca de dinamizar-se com o público atual, como exemplo das charges que se bifurcaram nos memes, os blogs, os seminários e palestras no youtube e o e-book, ou livro digital. Tais manifestações são duramente criticadas pela concepção de que desestimulariam a "verdadeira literatura" e a leitura do livro impresso, que é uma manifestação cultural consolidada.       Em concordância, a indústria literária estimula o preconceito, através do controle dos preços de comercialização orquestrado pelas livrarias e aculturação dos e-books - quase incessíveis a grande parte da população. Consoante a isto, o papel da escola é afastar a ortodoxia do ensino, que não paraleliza o conhecimento ao aluno. Um dos seus maiores erros é a imposição de uma obra como leitura obrigatória, sem que haja um amadurecimento crítico do estudante, necessário à compreensão do texto. Como exemplo, este não entenderá a proposta de Macunaíma, livro modernista de Mário de Andrade, se não assimilar as motivações históricas da obra Iracema, fruto do romantismo de José de Alencar, bem como o diálogo e intertextualidade que estes clássicos propõe, entre si, com a atualidade.       Portanto, os professores devem utilizar os recursos multimídia, como filmes e animações, que despertem a curiosidade e estimulem a leitura da obra original. Logo, as livrarias digitais e o MEC devem promover os e-books, que é um meio de alcance à literatura com recursos de interação, pesquisa e aprofundamento, ofertando o acesso gratuito a estes aparelhos nas bibliotecas públicas e particulares. Cabe ainda, ao Ministério da Cultura, repaginar a site do Domínio Público e divulgá-lo através das mídias, para que este seja atrativo à população. Por meio destas ações, o leitor concluiria que Drummond estava certo ao afirmar: "a quem sabe mergulhar numa página, o trampolim se oferta."