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Enviada em: 19/07/2018

Em 1430, Johannes Gutenberg criou a imprensa, tendo sido possível, assim, massificar as obras literárias. Dessa forma, criou-se então um amplo público leitor, o que por sua vez acabou estreitando os laços da sociedade com a literatura. Contudo, defronte o avanço técnico-científico das últimas décadas, o espaço outrora reservado às letras cedeu lugar a experiências outras, incapazes de oferecer um valor fundamental legado pelos livros: a liberdade. Assim sendo, faz-se necessário fazer a ideia da leitura uma prioridade entre os setores públicos e privados do país. Monteiro Lobato afirmava que um país se faz com homens e livros. No entanto, a máxima do grande autor brasileiro ainda não se faz presente na realidade brasileira, de modo que, a ausência de uma cultura que favoreça a leitura persiste na sociedade, apesar dos avanços materiais; estima-se que 44% dos brasileiros não possuam hábito de leitura, e outros 30% nunca sequer tenham comprado um livro; esse apontamento é feito pela pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. Tal fato decorre da formação das classes sociais no país, que tiveram, primeiro, acesso aos meios midiáticos antes de frequentar as bibliotecas; isto é, antes que o Brasil dispusesse de um público leitor consistente, já contava com uma grande massa consumidora de programas de rádio e televisão, assim a literatura ficava em segundo plano. Outrossim, as consequências de um menor envolvimento com a leitura: a perda da liberdade e a alienação, bem como o empobrecimento cultural. Além de não ter disposto, historicamente, de uma formação que incentiva-se a leitura, as classes brasileiras sofreram com o desamparo de sucessivos governos que não atentaram, suficientemente, para o desenvolvimento intelectual da nação. Isso se deu pela marco característico da personalidade governista nacional: pragmática e imediatista; quer dizer, voltada para ações que possam ser vislumbradas pelo eleitorado no curto ou médio prazo, dispensando, assim, obras de cunho estrutural que demandem décadas, como é o caso de um cultura de leitores. O prejuízo advindo de tal prática se manifesta, na perca da memória coletiva acerca de sua própria história e papel social, bem como, no serviço de massa de manobra na mão dos poderosos. Em suma, o caminho para uma relação mais estreita com a literatura demandará décadas de esforço, e para isso o governo em suas três esferas deverá fomentar a criação de eventos literários, com a finalidade de popularizar novos autores, além de fazer propaganda maciça na televisão e rádio, incentivando o hábito de ler. As organizações privadas deverão voltar seus esforços para patrocínios de concursos culturais. Assim - tal como fez Gutenberg em seu tempo -, poderá ser dado início à formação de uma sociedade que tem como guia a literatura, que colhe dela seu maior beneficio: a liberdade.