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Enviada em: 07/08/2018

Fernando Pessoa, poeta português, afirmou que a literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. Por outro lado, Louis Aragon, escritor francês, proferiu: “A literatura é um assunto sério para o país, pois é afinal de contas o seu rosto. ” As obras literárias têm a versatilidade de assumirem diferentes propósitos. Até o texto mais fictício apresenta reflexões pertinentes à sociedade. Em um ato de fuga e imersão à realidade, a literatura fertiliza as relações inter e intrapessoais, ampliando a criticidade e a socioafetividade do grupo seleto que a aprecia.   Os livros, como forma de expressão social, trazem à tona questões nem sempre debatidas nos meios político e acadêmico. Podendo contrariar a ordem vigente, são apresentadas ideias vinculadas ao enredo das obras. Evidenciando pontos de vista diferentes do convencional, as obras literárias despertam a sagacidade do leitor, fazendo-o questionar as verdades impostas aos indivíduos. Os Sertões (Euclides da Cunha), por exemplo, mostra uma realidade diferente da perspectiva que o Brasil, em geral, possuía sobre si mesmo. Rompendo com o nacionalismo e o patriotismo exacerbado, Euclides cria um retrato real da fome, da peste e da miséria, presentes, mas pouco debatidas na época.  Além disso, segundo Máximo Gorky, escritor russo: “A tarefa da literatura é ajudar o homem a compreender-se a ele mesmo”. A construção literária, com uma abordagem profunda sobre diferentes personagens e suas respectivas reações diante de distintos fatos, faz com que o leitor analise o comportamento humano, assimile-o e fortaleça a empatia pelas pessoas. O público passa a absorver de forma minuciosa os medos, aflições, sentimentos e pensamentos que levam alguém a tomar determinada decisão perante alguma situação específica. Saindo do individualismo e adentrando ao mundo do outro, humaniza-se o próprio ser humano e desenvolve-se a auto compreensão, pela possível identificação com o evento narrado.   Nota-se, portanto, que a literatura potencializa as relações humanas e sociais, produzindo pessoas com senso crítico e inteligência emocional. Assim, para que esse potente instrumento seja difundido para além de um pequeno grupo, é necessário trabalhá-lo, principalmente, na fase escolar, na qual o caráter e os valores estão em formação. Desse modo, o Ministério da Educação pode desenvolver projetos em parceria com as escolas, que busquem aumentar o contato dos jovens à literatura. Os pedagogos podem, ainda, promover peças teatrais no próprio ambiente escolar, ligadas às narrativas literárias, para que os alunos criem curiosidade sobre as histórias dos livros. Esses alunos poderão entreter-se e fugir da realidade, ignorando a vida da corriqueira rotina escolar, ao mesmo tempo em que serão apresentados ao rosto do país, com ideias e críticas enriquecedoras para as índoles dos jovens.