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Enviada em: 10/02/2019

Em Vidas Secas, Graciliano Ramos retrata a rotina desesperadora de uma família nordestina, que vive de fazenda em fazenda, isolada do mundo exterior. Mais do que um romance sobre a seca e o nordeste, a história de Fabiano e Sinhá Vitória se constitui como um manifesto sobre o poder da linguagem. A literatura, que, por Pessoa foi definida como “a maneira mais agradável de ignorar a vida”, carrega consigo a versatilidade de assumir diferentes propósitos. Todavia, conserva-se impassível, o desejo de construir um retrato histórico e propor reflexões pertinentes à sociedade. Em gestos de fuga e imersão, as obras literárias possuem não somente o poder de ampliar o conhecimento intelectual e cultural, mas também desenvolver o senso crítico e promover a formação de cidadãos conscientes.       Numa primeira instância, perceptível a prevalência de um revés no que tange à formação de novos leitores no Brasil. Dados apurados por uma pesquisa realizada pela revista O Globo, mostram que, de 2007 para 2011, o número de leitores no Brasil teve uma queda de 7, 4 milhões de pessoas. Semelhantemente ao que Drummond escreveu sobre as dificuldades da vida em seu poema No meio do caminho, a literatura brasileira ainda enfrenta muitos estigmas por parte de determinadas camadas sociais. A concessão imediata do poder intelectual aos que leem, se concebe como um elemento indicativo de poder e dominação social. Nesse sentido, observa-se que a formação de estereótipos afasta possíveis novos leitores e isola os já existentes.        Outrossim, nota-se a importância de analisar a questão sob um viés político. Os livros, que, por ora, podem ser classificados como uma importante ferramenta de protesto, trazem à tona questões nem sempre debatidas nos ambientes acadêmicos. Por meio da abordagem de diferentes pontos de vistas, as dimensões culturais da literatura são responsáveis por despertar no indivíduo a necessidade de refletir e questionar as verdades impostas pela sociedade. Desta forma, obtém-se não a transformação do homem, e, este, enquanto sujeito social, contribui para o progresso dos que estão ao seu redor.      Diante do exposto, torna-se imprescindível a adoção de políticas mediadoras a fim de potencializar os encargos da literatura. A intervenção do Estado se torna concebível a partir da formação de uma matriz curricular que promova o contato dos alunos com os livros desde a infância. Ademais, é imprescindível que Ministério da Educação promova cursos e palestras a fim de que os professores estejam a par dos avanços das ciências da língua. Somado a isto, cabe à mídia fomentar o interesse da população pelo tema por meio campanhas e propagandas. Destarte, a Literatura deixará de vista como a disciplina dos enredos maçantes e reassumirá seu verdadeiro encargo que é o de esquadrinhar o funcionamento da mente humana por intermédio dos materiais linguísticos.