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Enviada em: 22/08/2019

O livro 1984, escrito pelo inglês George Orwell, fala sobre um órgão instituído como "polícia das ideias", a qual fiscaliza comportamentos que possam questionar a ditadura vigente e controla a circulação de textos para que a sociedade não forme pensamentos autônomos e disruptivos. Fora do âmbito ficcional, a literatura tem a função não só de formar indivíduos intelectualmente independentes, mas de proporcionar o exercício da alteridade e a crítica de instituições autoritárias. Desse modo, faz-se necessário o estímulo a prática da leitura no século XXI.    Nesse contexto, é possível analisar que a literatura promove o exercício da alteridade e da empatia na contemporaneidade. Dessa maneira, a leitura pode proporcionar o entendimento de outras realidades e experiências, rompendo com ideias preconceituosas sobre diferentes grupos, como o racismo e o machismo, de modo a ser refletido nas relações sociais no mundo real. Por isso, o escritor português Antônio Lobo Antunes disse que um povo que lê nunca será um povo escravo, nesse caso, de atitudes discriminatórias e intolerantes. Logo, a literatura pode promover um entendimento de mundo a partir do olhar de outros com diferentes perspectivas sobre o funcionamento da vida.   Além disso, textos literários podem ter a finalidade de contestar padrões de dominação vigentes em cada período da história. Assim, a terceira geração romântica brasileira, tida como a fase condoreira, a qual teve como representante o escritor Castro Alves ou o "poeta dos escravos", denunciava o sofrimento gerado pela escravidão no século XIX. Em analogia a esse período, a contemporaneidade também utiliza as ferramentas de escrita para criticar ideologias baseadas no autoritarismo e suposta superioridade de algumas classes sociais sobre outras. Com efeito, a realidade é apresentada de forma escrita para transmitir informações sobre acontecimentos e gerar reflexão nos leitores.   Infere-se, portanto, que medidas devem ser tomadas para incentivar a capacidade da sociedade em interpretar a literatura por meio da leitura. É imprescindível, então, a atuação do Ministério da Educação, importante entidade estatal que administra todo o sistema educacional brasileiro, concomitante às escolas de ensino fundamental e médio, na formulação de feiras literárias mensais, a partir de acordos com bibliotecas privadas, que podem fornecer os livros em troca de auxílio financeiro do Estado, para que crianças e adolescentes tenham um maior contato com a leitura regularmente. Por conseguinte, a população formará senso crítico e não estará vulnerável a medidas de controle como no livro escrito por George Orwell.