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Enviada em: 05/05/2017

Leitura: um esporte de conscientização Ler é o meio mais eficaz para se desenvolver o pensamento crítico. Se o futuro de uma nação depende das novas gerações, crianças e jovens precisam ser capazes de perceber quais os discursos são válidos para a construção de uma sociedade mais justa, entender o que precisa ser alterado e como podem fazer parte das mudanças necessárias, e também quais discursos são frutos da corrupção na política ou da propaganda enganosa, aquela que aliena e faz o homem regredir em sua condição primitiva.  A falta de incentivo à leitura na infância, tanto por parte da família como da escola muitas vezes, acaba dificultando a formação de cidadãos mais conscientes e ativos socialmente. O escritor português José Jorge Letria utilizou de uma comparação envolvente e simples de se entender para reiterar a necessidade de treino e ambiente propício para a formação de bons leitores: segundo ele, para ser de fato um leitor, assim como acontece com um atleta de alta performance, são necessárias condições de treino e desenvolvimento para que a tarefa seja efetivamente cumprida. Este é o suporte que falta para o surgimento de mais pessoas com um bom senso crítico e voz ativa na sociedade contemporânea.  Um grande clássico sobre a infância abandonada, Capitães da Areia, do autor Jorge Amado, permanece hoje tão atual como na época em que foi escrito. O livro relata a vida de um grupo de menores abandonados, que vivem em um trapiche e roubam para sobreviver. Quando se toma contato com esta literatura, a história logo chama a atenção para a importância de o leitor tornar-se mais solidário com o próximo, colocando-o a pensar sobre as maneiras possíveis de se evitar que problemas como a desigualdade, o abandono, a fome, e a concentração de dinheiro e oportunidades continuem assombrando a vida de tantas pessoas. Em face a essa realidade, percebe-se que a formação de bons leitores, assim como acontece com bons cozinheiros e bons atletas, demanda paciência, incentivo, e muito treino. É importante construir dentro de casa uma comunidade de leitores. As famílias precisam valorizar mais os livros, e ensinar as crianças a fazerem o mesmo, dedicando um tempo para visitar bibliotecas, investindo parte de seu orçamento num acervo próprio, comentando as obras lidas com os filhos. A participação do Estado também é fundamental, podendo investir mais em bibliotecas públicas com acervos atualizados e diversificados, fazendo alterações na grade das escolas para que as horas de leitura sejam ampliadas, e estimular que os professores, durante períodos de treinamento, sensibilizem-se com as possibilidades diversas de interpretação das crianças e dos jovens, e incitem debates sobre as obras em sala de aula.