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Enviada em: 17/08/2019

No livro "Gabriela, cravo e canela", Jorge Amado retrata uma realidade patriarcal dos anos 50, em que as mulheres eram consideradas propriedades de seus maridos e não possuíam qualquer tipo de autonomia. Atualmente, no século XXI, essas conquistaram um espaço não só no mercado de trabalho brasileiro, mas também como seres atribuídos de deveres e direitos, assim como os homens. É necessário, portanto, refletir sobre o significado de tais conquistas na sociedade brasileira e as dificuldades que as mulheres ainda enfrentam no mercado de trabalho.     Em primeira análise, a liderança feminina vigente é uma consequência da luta por igualdade e autonomia das mulheres de gerações anteriores. Nesse sentido, a conquista do voto, obtida no governo de Getúlio Vargas, foi um grande passo para a representatividade das mulheres na sociedade. Além disso, o progresso dessas na esfera acadêmica possibilitou a inserção feminina no mercado de trabalho. É fato, por exemplo, que atualmente as universidades brasileiras são ocupadas, em sua  maioria, por mulheres, inclusive em cursos que antes eram predominantemente masculinos, como as engenharias. Dessa forma, elas demonstram possuir competência suficiente para ocupar qualquer tipo de cargo, inclusive cargos protagonistas.     Em segunda análise, as mulheres ainda enfrentam barreiras no mercado de trabalho, como subestimação, falta de credibilidade e disparidade salarial. Segundo uma pesquisa do Ibope Inteligência feita em 2017, a cada 10 mulheres entrevistadas, duas revelaram já ter sofrido discriminação no trabalho por serem mulheres. Nessa perspectiva, Pierre Bourdieu, em sua teoria do habitus, descreve que a sociedade é a base na qual o ser humano cria seus valores e hábitos, e, simultaneamente, molda e constitui a própria sociedade. Dessa forma, atos misóginos estão enraizados na sociedade brasileira e, apesar de serem combatidos cada vez mais, ainda se fazem presentes na população masculina. Tal fato prejudica a ascensão feminina no âmbito trabalhista, principalmente no que diz respeito ao empreendedorismo.        Diante do exposto, medidas são necessárias para atenuar os empecilhos sofridos pelas mulheres no mercado de trabalho. Primeiramente, o Ministério do Trabalho deve propor um projeto que vise a diminuição do preconceito de gênero nesse ambiente, por meio de palestras educativas ministradas por mulheres e ofertadas em sedes do órgão situadas em cada estado brasileiro. Ademais, deve entrar em vigor o projeto de lei aprovado pelo senado que proíbe a diferença salarial entre homens e mulheres que ocupam um mesmo cargo em empresas, com o propósito de minar tal diferença e estimular o empreendedorismo e a liderança feminina no cenário trabalhista.