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Enviada em: 21/08/2017

A obra “Número Zero”, de Umberto Eco, trata de um grupo de redatores de jornal que não se empenhava em transmitir notícias, mas em manipulá-las de acordo com os interesses dos patrocinadores do noticiário. Infelizmente, esse cenário pode ser fielmente traduzido para a contemporaneidade e, por isso, deve ser debatido. Nessa perspectiva, pode-se inferir que a mídia exerce impacto negativo na formação moral do cidadão, o que é comprovado pelas teorias de Herbert Marcuse e por exemplos do cotidiano.       Ao analisar-se o livro “O homem unidimensional”, de Marcuse, conclui-se que, devido à supervalorização da indústria cultural, a sociedade passou a enxergar o indivíduo como um objeto, usurpando, pois, sua racionalidade. Nesse ínterim, é pertinente observar que a mídia brasileira, cúmplice da elite dona dos meios de produção, incentiva, indiretamente, o processo de alienação da população por meio da imposição de estereótipos, comprovando, assim, a teoria do filósofo Frankfurtiano e, consequentemente, os danos causados pela mídia à conduta do cidadão.        Ademais, os veículos comunicativos também podem manipular os ideais políticos do indivíduo. O programa Gregnews, por exemplo, que é um periódico apresentado por Gregório Duvivier, tem a proposta de comentar, de forma extrovertida, fatos políticos que ocorrem no país. Entretanto, os dados apresentados nem sempre são verossímeis, como ocorrido no episódio “Impostos”, em que o ator mascara 18% de um dado sobre o imposto de renda com o propósito de desmoralizar o governo vigente. Desse modo, é possível averiguar que muitos artistas, como o citado, incumbem-se de conduzir a opinião pública à determinada polaridade política, o que é extremamente prejudicial à maioridade intelectual do brasileiro.        Diante dessa conjuntura, o caráter alienador da imprensa no Brasil fica explícito. Destarte, a aplicação de medidas faz-se necessária para a resolução do problema. Dessa maneira, a própria mídia deve se atentar à frase “seja a mudança que você quer ver no mundo”, de Gandhi, e deixar de atender a comandos externos para propiciar o desenvolvimento crítico da população e, portanto, maior discernimento em escolhas políticas que poderão revolucionar o país. Outrossim, o governo, por meio de investimentos na educação, pode melhorar a qualidade do ensino de base, a fim de trabalhar a racionalidade do aluno desde seus primeiros anos escolares e, logo, formar indivíduos íntegros e dotados de livre arbítrio. Sendo assim, o Brasil conseguirá superar esse entrave e, então, os redatores citados por Umberto Eco serão meros personagens de uma trama literária não-correlata com a realidade.