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Em 1904, o Rio de Janeiro foi marcado pela Revolta da Vacina, caracterizada pela insatisfação das classes mais baixas em detrimento de políticas públicas para a contenção de doenças. Pouco mais de um século depois, a falta de suporte e a onda de desinformação ainda são algumas das principais causas da reincidência de epidemias antigas nas áreas periféricas brasileiras, remontando um cenário arcaico e precário, cabendo, assim, uma reanálise acerca da falha estrutural que acomete uma minoria, não quantitativa, da sociedade. Segundo a Constituição Federal, a saúde é direito de todos e dever do Estado. A premissa da equanimidade de direitos sociais, entretanto, não contende apenas com a pouca acessibilidade, mas também com a carência de medidas mantenedoras de saúde e bem-estar social nos subúrbios, tais como a garantia da sanidade básica e a potabilidade da água. A ausência desses recursos está intrinsecamente atrelada aos maiores focos de doenças no país, uma vez que são berço de espécies e substâncias nocivas ao ser humano. Nesse sentido, a desigualdade social também implica no acesso à informação e recursos — fato que invicta, em primeiro lugar, os segmentos menos favorecidos da sociedade. Medidas governamentais de prevenção, como a inspeção domiciliar, campanhas de vacinação e uso de inceticidas, por exemplo, muitas vezes não chegam às áreas adjacentes dos grandes centros urbanos. Prova disso é a maior incidência de casos de enfermidades como dengue, hepatite A e febre amarela nas zonas rústicas e subdesenvolvidas. Fica nítida, portanto, a premência da ampliação de recursos públicos para a saúde, tal como a expansão de áreas positivamente afetadas pelo alcance das ETA e ETE (Estações de Tratamento de Água e Esgoto), através de investimentos feitos pelo Governo Federal, a fim de inibir a ocorrência de novas epidemias e conceder dignidade e bem estar à população. Além disso, cabe ao Ministério da Saúde a promoção de incentivos, por meio das grandes mídias como TV, rádio e redes sociais, para a mobilização e alerta em massa à adesão de práticas essenciais para a sustentabilidade da vida no espaço. Dessa forma, a única demolição necessária será de costumes insubsistentes no meio e a única revolta será contra a repetição do passado, possibilitando maior progresso da qualidade de vida no âmbito da coletividade.