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Enviada em: 27/05/2018

Revoluções científicas e guerras mundiais trouxeram inovações tecnológicas ao campo da saúde - biotecnologia, radiologias e vacinas, por exemplo. Com isso, foi possível maior eficiência no combate às doenças - diminuindo a mortalidade e estendendo a expectativa de vida. Nesse bojo o Brasil erradicou algumas das doenças tropicais com política sanitarista da Velha República, apesar das controvérsias do modus operandi empregado. Todavia, em decorrência de questões ambientais, econômicas e endêmicas de sua estrutura de saúde, temores controlados há 100 podem voltar a assolar o país.      Nesse contexto não se pode ignorar as repercussões da relação humanidade-natureza. Uma vez que a estabilidade da vida na terra é influenciada por uma complexa teia, envolvendo diversos agentes ( fatores abióticos, seres vivos de um modo geral e o homem), a ação de um incide e gera reações dos outros. Nesse sentido, vale destacar o modelo de crescimento econômico brasileiro. Pois, por ser fundamentado na exploração extensiva das commodities - equivalente a cerca de 24% do PIB (IBGE) -, traz consequências ambientais preocupantes - vide arco do desmatamento na Amazônia. Na população essa relação já faz retornar patologias antes erradicadas, evidente no recente surto de febre amarela que, consoante a Fundação Oswaldo Cruz, pode ter relação com o desequilíbrio ecológico .       Ademais o sistema de saúde brasileiro precisa passar por mudanças para evitar que epidemias se tornem recorrentes. Apesar de constitucionalmente ser universal, nos últimos anos, ele tem sido um sistema demasiadamente burocratizado e que não atende as demandas da população. As recorrentes filas, os problemas de gestão e o subfinanciamento, estampados diariamente nos jornais, mostram que é necessário mudar. Destarte, para atender mais de 200 milhões de usuários, o país deve se espelhar em experiências exitôsas que sejam eficientes sem gerar custos elevados. Conforme a Organização Mundial de Saúde, uma alternativa é a medicina preventiva e o investimento em saneamento básica, à luz de modelos reais - como nos Estados Unidos, Cuba e Canadá.   Fica evidente, portanto, que é necessário refletir as contrapartidas ambientais ao plano de desenvolvimento nacional e o sistema público de saúde. Assim, cabe aos ministérios de Meio Ambiente e Saúde agir de modo integrado. O primeiro deve articular ações de incentivo à pesquisa de tecnologias que otimizem as práticas do agronegócio e reflorestamento, mitigando seus impactos. Concomitantemente, o segundo fomentará os programas de acompanhamento à saúde da família como também pleitear, nos bancos públicos, linhas de crédito para que os municípios invistam em saneamento básico - ampliando o leque de ações preventivas. Desta forma, será possível cumprir os preceitos da Constituição Federal.