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Enviada em: 11/06/2018

Em um episódio da série “House”, uma paciente com sintomas de varíola, doença erradicada em 1980, gera alarde no hospital por estar infectada por um vírus altamente contagioso. Apesar de fictício, esse episódio trata de uma preocupação verdadeira: o retorno de doenças erradicadas. De maneira análoga, porém, real, em 2018, registrou-se uma epidemia de febre amarela, no Brasil, doença que não preocupava autoridades há décadas. Deve-se, portanto, analisar como o aumento de refugiados e o desinteresse das indústrias farmacêuticas contribuem para a volta de doenças erradicadas no Brasil.     É relevante abordar, primeiramente, que o Brasil tem recebido muitos refugiados (em 2017, foram mais de 30 mil solicitações na Polícia Federal), o que levou à reintrodução de certas doenças. Isso porque os refugiados, em seus países de origem, viviam sob condições precárias e estavam susceptíveis a doenças infecciosas. Ao chegarem no Brasil, infelizmente, eles acabaram transmitindo tais enfermidades para a população local. Um exemplo dessa situação são os venezuelanos, cujo sistema de saúde encontra-se em colapso e, devido a essa situação, instalou-se uma epidemia de malária com mais de 400 mil doentes. Com efeito, alguns refugiados desse país trouxeram essa doença para o Brasil, elevando o número de infectados na regiões onde eles se instalaram.        Paralelamente, outro fator que favorece o retorno de doenças erradicadas é o desinteresse das indústrias farmacêuticas em relação às doenças negligenciadas, isto é, enfermidades características de países subdesenvolvidos. De acordo com a revista científica The Lancet, apenas 4% dos novos medicamentos registrados nos últimos 10 anos são destinados ao tratamento dessas doenças, apesar de haver 1,5 bilhão de pessoas afetadas no mundo. Esse baixo investimento dos laboratórios deve-se, principalmente, ao fato de que tais enfermidades, por atingirem populações pobres, não oferecerem retorno financeiro. Em decorrência desse descaso, muitas doenças negligenciadas, que poderiam ter sido erradicadas com o desenvolvimento de vacinas ou de tratamentos, tornam-se reemergentes, como a dengue, que chegou a ser considerada extinta dos centros urbanos brasileiros e hoje é endêmica.       Diante dos fatos supracitados, constata-se que é imperativo que medidas sejam tomadas para evitar que doenças erradicadas voltem a aparecer. Em razão disso, é necessário que a Polícia Federal, junto com a Vigilância Sanitária, estabeleça postos de avaliação médica nas fronteiras a fim de controlar a entrada de refugiados infectados, com o intuito de impedir que doenças erradicadas sejam reintroduzidas no país. Além disso, cabe ao Ministério da Saúde, em parceria com instituições de pesquisas, financiar projetos de pesquisa e desenvolvimento de novas moléculas na perspectiva de tratar, curar e prevenir doenças negligenciadas e, eventualmente, erradicá-las.