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Enviada em: 15/06/2018

Neste século, o Brasil enfrenta grave problema de saúde pública. Não se trata somente de superlotação de hospitais, falta de médicos e insumos hospitalares, mas também de doenças re-emergentes, consideradas por muitos especialistas, até então, erradicadas.       O advento dos antimicrobianos solucionou a problemática da saúde pública do século XIX, onde doenças bacterianas com alta letalidade e morbidade impactaram sociedades desenvolvidas e em desenvolvimento. No século seguinte, foi o momento das doenças virais. O controle vigoroso do agente infeccioso, com adoção de medidas ambientais extremas e a utilização de anti-retrovirais, chegou a erradicar  enfermidades de muitas áreas mundiais. No Brasil, Oswaldo Cruz, médico sanitarista, com agressivo enfrentamento, erradicou o Dengue em meados do século XX.       Nos últimos dez anos, viu-se o ressurgimento do Dengue, da Febre Amarela Silvestre e Urbana, além de casos de Raiva Silvestre e Urbana. O que preocupa a sociedade brasileira, no primeiro momento, é o enfrentamento de doenças graves com um sistema de saúde pública sucateada. Contudo, esse não é o único problema. As ações de controle propostas por Oswaldo Cruz não surtem mais o efeito de antes. A sociedade brasileira mudou: a população urbana cresceu e a rural diminuiu, aquela invadiu o campo e as matas, o clima foi alterado, a convivência com hospedeiros e reservatórios dos agentes infecciosos foi aproximada e a tecnologia faz doenças chegarem em outro extremo do território em algumas horas.       O Programa Nacional de Controle do Dengue (PNCD) é o maior exemplo de ações adotadas pelo Estado que parecem retóricas. Uso de pesticidas, agentes pouco remunerados e capacitados, medidas de controle em um extenso território e uma população com pouca educação fazem o fracasso do PNCD financiado com altos valores. Outro desafio aos gestores públicos da saúde é a interação da Assistência em Saúde com a Vigilância em Saúde, conforme a Lei Federal 8080 que instituiu o Sistema Único de Saúde. Após o controle de uma enfermidade ou quando fora da sazonalidade, os gestores públicos abandonam a sentinela.        Dessarte, o Estado deve seguir o proposto por epidemiologistas e sanitaristas, além de prezar por uma gestão pública eficaz e eficiente. A saúde pública deve estar preparada para a assistência médica ao doente, assim como avaliar os dados epidemiológicos precisos. O ambiente também deve ser cuidado, pois muitas das doenças re-emergentes apresentam animais e aspectos sanitários como elemento da cadeia de transmissão. Por fim, a população deve ser educada e estar sensível ao seu papel  como protagonista na vigilância, controle e erradicação das enfermidades.