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Enviada em: 15/06/2018

Para o geógrafo Milton Santos, a relação do homem com a sociedade se estabelece substituindo os meios naturais por um ambiente cada vez mais artificializado. Isso pode ser observado no processo de agronegócio no Brasil, que ao buscar novas terras para produção, gera desmatamento e utiliza agrotóxicos em demasia, criando um ambiente sintético. Contudo, as consequências negativas dessa substituição, associadas a estrutura precária de saúde pública e vacinação brasileira, corroboram para o agravamento e retorno de doenças já erradicadas no país, como a dengue e a febre amarela.       O Brasil se torna um país de caráter agroexportador durante o Segundo Reinado, quando a produção de café consolida-se como principal força econômica nacional, criando a necessidade de buscar cada vez mais terras para o cultivo e aumentar a produção, dilatando o processo de desmatamento. Paralelo a esse decurso, intensificado pela exportação de commodities expoente no século XXI, acontece o empobrecimento de ecossistemas e a perda dos habitats naturais dos animais, que favorece a proliferação de mosquitos vetores de doenças, propiciando a migração destes para o ambiente urbano e o ressurgimento de doenças em território nacional.        Além disso, a falta de priorização da destinação de verbas ao SUS nos municípios, que sustenta sua estrutura precária, com falta de médicos para pronto atendimento, faz com que a lentidão no diagnóstico e no alerta para doenças, somados à agilidade de resistência dos vírus e sua propagação imediata, transformem um surto em uma epidemia. A falta de recursos também atinge o estoque de vacinas, registrando desde 2015 uma queda na cobertura vacinal brasileira, principalmente nas regiões mais carentes como o Norte e o Nordeste. Dessa forma, a saúde da população, direito garantido pelo Artigo 196 da Constituição Cidadã, é comprometido, fomentando o ressurgimento de doenças e o flagelo do setor de saúde do país.      Diante de tais argumentos, é necessário que o Ministério da Agricultura amplie a fiscalização da atividade agrícola no Brasil, garantindo que haja uma maior rotação de culturas em áreas de plantio para uma diminuição no desmatamento, além de um reflorestamento de grandes extensões de terra, contribuindo para a permanência dos animais em seus devidos habitats e um não desequilíbrio dos ecossistemas, estabilizando o quadro de doenças ressurgidas no país. Ademais, requer-se que o Ministério da Saúde direcione verbas aos municípios a fim de serem aplicadas no SUS, para garantir o estoque de vacinas e os médicos de plantão a serviço de toda a população,  controlando as doenças nas cidades. Por meio de tais ações, espera-se reverter o quadro de enfermidades ressurgidas em âmbito nacional.