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Enviada em: 21/06/2018

Desenvolver uma rede de atenção básica com capacidade para atender as particularidades físicas e sociais do Brasil era um tema central na 8ª Conferência Nacional de Saúde que aconteceu no final do século XX. Tal conferência foi responsável por estabelecer os alicerces do SUS, maior sistema de saúde do mundo. A alarmante constatação, decorrente do reaparecimento de doenças erradicas e do perfil dessas doenças, associadas a um contexto de subdesenvolvimento, aponta para fragilidades do sistema de saúde brasileiro que precisa ser alvo de maior atenção do Governo através de investimentos substanciosos.      As epidemias sempre foram uma preocupação concernente aos grandes conglomerados urbanos. Hodiernamente, o impacto da globalização intensificou os fluxos comerciais e humanos entre os países. Portanto, as doenças transmissíveis são constantemente motivo de preocupação internacional. Contudo, no caso brasileiro, além da transmissibilidade, percebe-se uma característica em comum nas doenças que, apesar de terem sido erradicadas, reemergiram. Dengue, tuberculose e febre amarela são consideradas doenças negligenciadas, ou seja, que carecem de investimentos da industria farmacêutica pelo fato de não serem rentáveis, justamente por serem doenças tipicas de países subdesenvolvidos. Diante desse cenário, conclui-se que, independente do contexto global, o Estado brasileiro precisa priorizar suas especificidades regionais, pois o caráter reemergente das doenças pode estar associado a realidade social do país.     Se as questões de saúde publica eram prioridade na 8ª Conferência, hoje não pode-se crer nessa afirmação. Cada vez mais observa-se uma crescente desestabilização do SUS através da redução drástica de investimentos. Infelizmente, apesar do tema da saúde ser frequente em discursos eleitoreiros, crer na fidelidade desses discursos, quanto ao favorecimento de um sistema público em detrimento das pressões do mercado estrangeiro, é ser tão ingênuo como Cândido, personagem da obra '' O Otimismo'' de Voltaire que insistia em ter uma visão simplista e superficial da vida, apenas por ser mais comoda e por não refutar a visão benevolente  que tinha do ser humano.     Portanto, cabe ao Ministério da Saúde tomar conhecimento das demandas regionais através de conselhos comunitários e agir de acordo com essas demandas. Além de aumentar o investimento no SUS, o que  pode proporcionar uma melhor formação de médicos sanitaristas e outros profissionais da saúde com um olhar atento para as doenças reemergentes. Dessa forma é possível dar seguimento aos preceitos cunhados durante a 8ª Conferência Nacional de Saúde, priorizando assim, a saúde da população brasileira.