Materiais:
Enviada em: 23/07/2018

“Em mim, o poeta é a tuberculose. Eu sou Manuel Bandeira, o Poeta Tísico”, são palavras do célebre autor modernista brasileiro, que teve a referida doença como inspiração para várias de suas obras. No entanto, a tuberculose não foi exclusiva da geração de 1932, mas afetou também diversos escritores românticos, como Álvares de Azevedo e Castro Alves, sendo, por isso, considerada "a doença dos poetas”. Contudo, apesar de ter sido controlada no século XX, a enfermidade é mais uma entre as mazelas que estão reemergindo no contexto atual, seja pela pouca informação quanto aos métodos de prevenção, seja pelas condições precárias às quais a população está exposta.        Nesse viés, em 1904, aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, a chamada Revolta da Vacina, motivada pelo desconhecimento popular acerca do funcionamento do recurso. Entretanto, apesar de ter ocorrido há mais de um século, o cenário observado hodiernamente não apresenta diferenças consideráveis, visto que a falta de conhecimento e a disseminação de falsas informações sobre o funcionamento das vacinas e seus efeitos colaterais colaboram para a tendência de queda no índice de imunização. Prova disso é que, segundo dados do Programa Nacional de Imunização, a taxa de vacinação no ano de 2017 foi a mais baixa desde 2001, fator que contribui para o ressurgimento de doenças anteriormente controladas, como a tuberculose e a dengue.        Em segunda instância, se por um lado a deficiência no ramo da vacinação corrobora para a ocorrência de surtos, a falta de políticas básicas de higiene e saúde favorecem o reaparecimento de males tidos como erradicados. Nesse âmbito, insere-se a poliomielite, doença viral cuja transmissão ocorre por meio da ingestão de material contaminado que, após afetar importantes figuras como Franklin Roosevelt e Frida Kahlo, foi suprimida nas Américas, em 1994. Todavia, no ano de 2018, o Ministério da Saúde divulgou 312 municípios brasileiros com alto risco de reincidência do problema, ocasionado, principalmente, pela falta de saneamento básico nas regiões de risco.        Urge, portanto, a adoção de medidas que solucionem o problema vigente. Destarte, é conveniente que o Ministério da Saúde, em parceria com canais televisivos, crie campanhas que visem conscientizar a população acerca do funcionamento das vacinas, além de divulgar os meios, como telefones e sites, pelos quais os cidadãos podem contatar profissionais em casos de dúvidas, de modo a aumentar a adesão popular às práticas de imunização. Outrossim, cabe ao Governo garantir o saneamento básico em todo o país, por meio da destinação de mais verbas a esse fim, com o intuito de promover a melhoria nas condições de higiene nacional. Quem sabe, assim, as mazelas estejam presentes apenas nos grandes poemas brasileiros e o reaparecimento de doenças não se torne o novo “mal do século”.