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Enviada em: 01/07/2018

Em 2017, o Brasil enfrentou um surto de casos de febre amarela nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Esse fenômeno levantou diversos debates acerca do reaparecimento de doenças no país e ainda sobre a posição dos principais órgãos de saúde nesse cenário. Assim, fatores de ordem social, bem como cultural, caracterizam o dilema brasileiro frente ao ressurgimento dessas enfermidades erradicadas.    É importante pontuar, de início, a desinformação de boa parte da população do país como determinante nesse quadro caótico. À guisa do pensamento de Kant, o ser humano é tudo aquilo que a educação faz dele. Nesse sentido, muitas escolas e os órgãos responsáveis pelo setor da saúde falham na promoção de uma consciência coletiva acerca da prevenção de várias doenças. A escassez de debates e projetos nas salas de aula e nos postos de saúde acerca dos cuidados frente às enfermidades acarreta um cenário de ressurgimento de patologias erradicadas ou controladas. Essa realidade é ratificada pelo surto nos últimos anos de sífilis, doença sexualmente transmissível que, com o reforço da educação sexual e campanhas para o uso de preservativo, poderia ter os índices de contaminação minimizados.     Outrossim, tem-se a influência do modo de vida contemporâneo nos numerosos casos de reaparecimento de enfermidades. Conforme o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, a modernidade é marcada pela fluidez e rapidez das transformações sociais, que configura um quadro de medo e insegurança constantes. Nesse contexto, os indivíduos são submetidos a altas cargas de estresse e tensão, que ocasionam uma queda na imunidade, tornando-os mais suscetíveis a essas doenças. Tal fator é confirmado pela Secretaria de Estado de Saúde do Paraná, que associa o conturbado cotidiano dos cidadãos a uma maior fragilidade às enfermidades já controladas ou até erradicadas.    É notória, portanto, a relevância de fatores sociais e culturais na problemática supracitada. Nesse viés, cabe às escolas, em consonância com o Ministério da Saúde, promover uma consciência coletiva acerca dos cuidados à saúde e às enfermidades controladas. A ideia da medida é, a partir de palestras e debates nas salas de aula, além de campanhas na internet e nos hospitais, garantir aos brasileiros o acesso a informação e reduzir os casos de reaparecimento de doenças. Ademais, a mídia, enquanto difusora de novos comportamentos e opiniões, deve alertar a população sobre os riscos do modo de vida contemporâneo. Essa intervenção deve contar com propagandas educativas e telenovelas que abordem o assunto a fim de conscientizar os brasileiros acerca da influência de uma rotina agitada na saúde, minimizando, assim, o caótico quadro de reaparecimento de doenças controladas.