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Enviada em: 08/08/2018

Doenças outrora consideradas erradicadas no Brasil como o sarampo, a poliomielite e a rubéola ressurgiram recentemente no cenário nacional. Apesar de tais doenças possuírem prevenções eficazes por intermédio da vacina, uma parcela da população brasileira não têm correspondido à expectativa de prevenção. Desse modo, depreende-se que dentre as principais causas da volta de doenças erradicadas está o fato de que a sociedade atual vive na era da pós-verdade, a qual induz às fake news, além da falta do exercício da alteridade, a qual culmina em ações que almejam o bem comum.    Primeiramente, pós-verdade foi considerada a palavra do ano em 2016 pelo dicionário de Oxford. O termo, que se popularizou devido à influência de notícias falsas nas eleições americanas e no Brexit, se adéqua quando crenças ou falácias são consideradas mais relevantes do que os fatos verdadeiros, ou seja, o indivíduo acredita e reproduz aquilo que tem a ver com seus próprios interesses, sendo verídico ou não. Em suma, esse fenômeno culminou no surgimento de grupos alternativos nas redes sociais que são contra a vacinação de crianças. Por mais que muitas doenças tenham sido erradicadas após o surgimento de vacinas, esses indivíduos dão preferência às suas crenças pessoais ao optarem pela não imunização, deixando as crianças sob sua responsabilidade vulneráveis.    Em segundo lugar, deve-se considerar que a imunização coletiva possui relação direta com o exercício da alteridade, assim como foi demonstrado no livro "Ensaio Sobre a Cegueira" de José Saramago, em que o autor utilizou a cegueira como artifício de crítica social ao individualismo além do fato de a única personagem que continuava a enxergar ser também a única que visava o bem comum. Em síntese, não deveria ser necessário uma crise na saúde pública para a comunidade se comover acerca da importância de ações coletivas, como é no caso da imunização. O ideal seria a mobilização social preceder a crise.    Destarte, infere-se que a volta de doenças erradicadas no Brasil está relacionada às consequências que o individualismo desenfreado acarreta à população. Portanto, a fim de que essas doenças desapareçam novamente, torna-se imprescindível que os Ministérios da Saúde e Educação se unam em prol das crianças, as quais são mais vulneráveis, ao tomarem medidas como a exigência do cartão de vacinação em dia no ato da matrícula escolar e uma maior divulgação nas escolas acerca da importância da vacina e de informações sobre os horários de atendimento nos postos de saúde, mediante à cartilhas gratuitas direcionadas aos pais. Assim, os direitos da criança e do adolescente estarão assegurados e simultaneamente haverá o combate às fake news por meio de informações oficiais. Desse modo, a chance do ressurgimento posterior de tais doenças serão mínimas.