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Enviada em: 27/07/2018

A Carta Magna de 1988 – documento de maior soberania no território nacional – declara a saúde como um direito fundamental de todo cidadão. Apesar disso, observa-se que o reaparecimento de doenças até então consideradas erradicadas, vai de encontro aos preceitos estabelecidos pelo documento. Nesse contexto, a problemática representa um cenário desafiador na atualidade, seja pela lenta mudança de pensamento social, seja pela insuficiência de órgãos governamentais.       Em primeiro plano, é significativo destacar a crescente onda de movimentos antivacinação na contemporaneidade. Dentro dessa lógica, a Revolta da Vacina, em 1904, foi uma ação contrária e violenta à imunização obrigatória imposta pelo governo federal da época, em virtude da descrença, por parte da população mais pobre, mediante os benefícios da vacinação. De maneira análoga, é possível observar que diversos indivíduos, na atual conjuntura, acabam por adotar uma conduta semelhante às pessoas daquela época e, dessa forma, opõem-se à vacinação obrigatória, ao passo que alegam, sem base científica comprovada, que tal substância é prejudicial à saúde humana. Por conseguinte, tal fato funciona como um importante elemento para a consolidação do retorno de patologias erradicadas no Brasil.       De outra parte, Zygmunt Bauman afirma que algumas instituições, na era pós-moderna, configuram-se como ‘’zumbis’’. Partindo desse pressuposto, é válido enfatizar que tais instituições não cumprem, verdadeiramente, suas respectivas funções sociais. Sob tal ótica, cabe comentar que o Ministério da Saúde – órgão responsável pela promoção, prevenção e recuperação da saúde da população – acaba por falhar perante as ações e políticas públicas de saúde, uma vez que tais atividades não são vivenciadas por toda a sociedade e, desse modo, diversos cidadãos, sobretudo aqueles que habitam em zonas de vulnerabilidade social, são excluídos das ações de promoção à saúde, inclusive as de imunização, elaboradas por tal instituição. A partir disso, denota-se uma maior responsabilidade por parte do Governo mediante as dinâmicas públicas vinculadas à saúde coletiva.       Destarte, o reaparecimento de patologias erradicadas configura-se como um grave obstáculo social e, sendo assim, medidas são imperativas, a fim de mitigar a questão. Nesse sentido, cabe ao Ministério da Saúde, em parceria com as secretarias de assistência social, ampliar as campanhas correlatas à saúde pública, sobretudo em áreas de camadas mais baixas, por meio de palestras com especialistas no assunto e apresentações culturais, com o fito de potencializar o estímulo à vacinação e, quiçá, sob o viés lúdico, atenuar a propagação de doenças já cessadas no âmbito nacional. Só assim, poder-se-á ter uma sociedade mais justa e igualitária, consoante ao que é previsto pela Constituição do país.