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Enviada em: 02/08/2018

A Revolução Verde, que teve início na década de 80, transformou drasticamente a agricultura brasileira e mundial em termos de tecnologia e produtividade. Apesar dos seus benefícios, contudo, esse marco também representou um uso extensivo de agrotóxicos no campo. Fatores de caráter social e político, nesse sentido,  representam os dilemas do uso desses produtos na contemporaneidade.     É importante pontuar, de início, os impactos causados pelo uso de defensivos agrícolas à população e ao meio ambiente. Com a finalidade de combater pragas e evitar doenças nocivas à produção, muitos agricultores extrapolam as quantidades prescritas para utilização. Tal fato pode ser ratificado por uma pesquisa realizada pela Unicamp, que identificou 1,5 milhão de trabalhadores rurais intoxicados em território nacional. Além disso, os resíduos carregados pelas chuvas poluem rios e córregos, o que demonstra a gravidade desse cenário.     Outrossim, tem-se o conflito de interesses vigente no Governo, que dificulta a tomada de decisões. Por mais que seja dever do Estado fiscalizar o emprego e a quantidade de agrotóxicos, é interessante para a bancada ruralista manter a baixa vigilância. Isto porque, enquanto representante dos latifundiários, o uso desses produtos é financeiramente proveitoso para as colheitas. O fato do Brasil ser o terceiro maior consumidor de defensivos agrícolas no mundo, bem como um dos maiores exportadores de commodities, por exemplo, demonstra a dificuldade de se implementar mudanças.     É inegável, portanto, a relevância de fatores sociais e políticos para a problemática supracitada. Nesse viés, é fundamental que o Estado, por meio dos seus órgãos responsáveis, crie um departamento exclusivo para fiscalização do uso de agrotóxicos no país. Tal medida deve ocorrer por meio da ação de fiscais no campo, averiguando o tipo e a quantidade de produtos utilizados nas plantações. Ainda, é importante ter um controle intenso da qualidade da água em rios próximos às áreas de cultivo, a fim de evitar a contaminação. Somente assim, é possível equilibrar os benefícios do uso desses produtos com o bem-estar da população e do meio ambiente.