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Enviada em: 06/08/2018

O ano de 2018 representa grandes mudanças para o Brasil. Frente às eleições presidenciais em outubro, ainda durante o primeiro semestre, observamos a batalha pela aprovação de um novo conjunto de leis para o uso de agrotóxicos, financiado pela bancada ruralista presente na política do nosso país com a clara tentativa de afrouxar as já maleáveis leis ambientais nacionais. Nesse cenário, é imprescindível discutir sobre o uso de agrotóxicos, os famosos pesticidas, na agricultura brasileira e até que ponto estamos dispostos a sacrificar o bem-estar e a saúde da nossa população em função de enriquecer a já abastada camada do agronegócio.       Em primeira instância, o uso indiscriminado de agrotóxicos, substâncias químicas que diminuem o impacto de pragas e infestações sobre a produção agroindustrial, afeta diretamente o meio ambiente e o trabalhador rural. O primeiro é contaminado pelo uso em excesso de pesticidas que ao serem lixiviados pela água da chuva, alcançam os corpos d'água e atingem a fauna e flora que dependem dela. Já o trabalhador rural, pela falta de formação adequada, manuseia e aplica o agrotóxico de forma errada, potencializando seu efeito nocivo em si mesmo. Ademais, indiretamente, o consumidor final é afetado por mais de uma via, seja pela ingestão de alimentos ricos em agrotóxicos, seja pela ingestão de animais que consumiram vias contaminadas e por efeito de bioacumulação, contém uma quantidade maior de agrotóxicos. Para a população brasileira, conforme registrado pela Fiocruz, mais de duas mil mortes na primeira década do século XXI comprovam que o agronegócio no Brasil também mata.        Por outro lado, em decorrência das característica agroexportadora do Brasil, construída desde o período colonial com os ciclos da cana-de-açúcar e do café, o uso de agrotóxicos também deveria afetar a economia brasileira. Entretanto, há de se comentar que os alimentos com maior quantidade de agrotóxicos são aqueles consumidos nacionalmente, os hortifrutis, deixando claro que, de fato, o uso desses pesticidas prevê um maior impacto dentro de nossas fronteiras. Dessa forma, o agronegócio brasileiro lucra às custas de demonizar a ciência, a química que sintetiza essas substâncias quando, na verdade, devemos refletir que a administração e uso indiscriminado é que faz do remédio, o veneno.       Frente ao que foi exposto, vemos que a educação e formação da população brasileira é imperativo a fim de construir uma população instruída que possa de fato se posicionar, principalmente, nas urnas. Essa formação deve ser iniciada pelo trabalhador rural, por instituições como o Embrapa com cursos rápidos e profissionalizantes. Por outro lado, a Anvisa deve exigir certificados de que a população diretamente envolvida está devidamente preparada, e garantir a inspeção desses alimentos. Todas essas medidas, por fim, preveem uma intensificação das leis dos agrotóxicos e não seu afrouxamento.