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Enviada em: 07/08/2018

Desde o Iluminismo, entende-se que uma sociedade só progride quando um se mobiliza com o problema do outro. No entanto, quando se observa o uso de agrotóxicos no Brasil, atualmente, verifica-se que esse ideal iluminista é constatado na teoria e não desejavelmente na prática, e a problemática persiste intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pelo descaso governamental, seja pela falta de mobilização popular. Nesse sentido, convém analisar as principais consequências das posturas aqui apresentadas.       É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação entejam entre as causas do problema. Segundo o filosofo grego Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, o descaso governamental rompe essa harmonia, haja vista que a “bancada ruralista”, composta por 77% do Congresso Nacional, por meio da PL 6299/02, propõem que defensores agrícolas não passem mais por avaliação da ANVISA sobre riscos à saúde, levando a uma flexibilização que só atende a interesses comerciais, reduz a proteção à saúde humana e ao meio ambiente.       Outrossim, destaca-se a falta de mobilização popular como impulsionador do problema. De acordo com Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e de pensar, dotada a exterioridade, generalidade e coercitividade. Segundo o Professor Wanderlei Pignati, a quantidade de pesticidas utilizados na agricultura aumentou 55% no período de 2008 a 2014. Seguindo essa linha de pensamento, observa-se uma acomodação da sociedade, que aceita, sem maiores questionamentos, que sejam usadas quantidades cada vez maiores de agrotóxicos nos alimentos. Percebe-se que tal apatia  tem raízes na inércia, pois o povo brasileiro se acostumou, infelizmente, a ter conhecimento de causa e risco, mas não se organizar para que haja uma mudança. É evidente, portanto, que ainda há entraves para garantir a solidificação de políticas que visem à construção de um mundo melhor.       Desta maneira, a ANVISA e o MAPA devem, por meio dos veículos de comunicação, incentivar uma mobilização da população para que se oponham à PL 6299/02, além de cobrar do Poder Legislativo a elaboração de leis que encurtem o uso de defensores agrícolas, para que não sejam  mais usados em detrimento da saúde pública. Como já dito pelo pedagogo Paulo Freire, a educação transforma as pessoas, e essas mudam o mundo. Logo, o Ministério da Educação (MEC) deve instituir, nas escolas, palestras ministradas por enfermeiros, que discutam sobre o risco que os pesticidas representam à saúde, a fim de que o tecido social se desprenda de certos tabus para que não viva a realidade das sombras, assim como na alegoria da caverna de Platão.