É de conhecimento geral que a Revolução Verde possibilitou o aumento exponencial da produção de alimentos no mundo. Tal revolução se deve, majoritariamente, ao controle de pragas e doenças, isso é, à utilização de agrotóxicos no cultivo dos insumos. Apesar de corroborar com o aumento da produção, esses produtos químicos são altamente nocivos, pois se acumulam nos ecossistemas e, empregando termos da biologia, selecionam as enfermidades mais resistentes, o que torna o controle cada vez mais difícil. Nesse contexto, faz-se necessário debater sobre o uso de agrotóxicos no Brasil e no mundo, assim como propor soluções para as problemáticas relacionadas à eles. Em primeiro plano, é válido expor que o problema da bioacumulação merece atenção urgente. Parte dos agrotóxicos utilizados nos campos "entram" nas cadeias alimentares, causando sérios danos à saúde dos seres vivos. Os humanos são os principais afetados, pois, sendo os consumidores finais dos insumos intoxicados, acabam por ingerir grande quantidade do veneno. No mérito do Brasil, a situação é preocupante, porque o país está entre os maiores consumidores desses produtos químicos no mundo. Isso ocorre, pois a pouca fiscalização e as políticas ambientais relacionadas à produção agrícola são fracas, fato que dificulta o controle e a redução da utilização e do consumo. É importante dizer, ainda, que o uso sem escrúpulos dos agrotóxicos torna cada vez mais difícil combater as doenças que afetam as produções. Como propõe Darwin em seus estudos, o ambiente exerce uma força sobre as espécies, selecionando as mais adaptadas. No âmbito dos defensivos químicos, o seu uso indevido seleciona as espécies de fungos, vírus e bactérias mais resistentes, o que gera a necessidade de criar novos produtos de defesa ou aumentar as doses no combate. A consequência de tudo isso é o aumento do consumo desses químicos. É incontestável, portanto, que os agrotóxicos, quando utilizados indevidamente, apresentam riscos para saúde dos seres vivos. Desse modo, no caso do Brasil, é preciso que o Governo, juntamente com o Ministério da Agricultura e os Três Poderes, atue no controle da utilização desses produtos químicos. Isso pode ser feito de maneira direta, aumentando a fiscalização das produções agrícolas e criando leis mais severas para os excessos, ou de maneira indireta, estimulando o comércio de produtos orgânicos. Por fim, no contexto global, é de suma importância que as instituições públicas e privadas se juntem na pesquisa e produção de formas alternativas para combater as pragas. Tais formas incluem os controles biológicos e produtos químicos menos nocivos à biosfera. Desse modo, será possível, a médio e a longo prazo, reduzir a utilização dos defensivos agrícolas tóxicos para os organismos vivos, contribuindo, assim, para uma melhor relação entre os humanos e o meio ambiente.