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Enviada em: 03/09/2018

Perigo invisível       Com o advento da Revolução Verde, a agricultura sentiu a necessidade de controlar pragas e fungos nas plantações. Pensando nisso, o químico Paul Muller, criou os agrotóxicos, premiado como uma grande evolução para o campo. Entretanto, no Brasil, a alta quantidade de utilização, ligada à precária fiscalização estatal, contribuem para centenas de mortes e milhares intoxicações anuais. Para tanto, o comportamento do Estado e da sociedade precisam ser discutidos, a fim atenuar essa problemática.      A princípio, é notório que o Brasil se tornou um dos maiores consumidores de defensivos agrícolas do mundo. Isso acontece porque a agricultura possui uma grande importância para o PIB (produto interno bruto) nacional, tendo em vista a carência de abastecimento local e seu caráter agroexportador. Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), 89% de todos os alimentos agropecuários do país possuem pesticidas e, muitos deles, podem causar a morte a longo prazo. Em decorrência disso, nota-se um aumento no índice de câncer e mortes por intoxicações dos trabalhadores rurais.              Atrelado à negligência empresarial, é evidente a influência de partidos políticos na aprovação de leis e projetos que beneficiam os empresários do campo, principalmente da bancada ruralista que atua na câmara dos deputados. Esse interesse está atrelado na busca continua de lucros e avanços da fronteira agrícola. Prova disso, é o projeto do atual ministro da agricultura, Blairo Maggi, o qual prevê alteração no nome agrotóxicos para “defensivos agrícolas”, que, além de desburocratizar o processo de avaliação dos componentes químicos, vão retirar as atuais agencias reguladoras e dar total autonomia ao ministério. Consequentemente, os consumidores vão ficar mais expostos aos pesticidas e subordinados a gestores que podem atuar em benefício dos empresários.       Infere-se, portanto, que os agrotóxicos possuem caráter cancerígeno e sua fabricação e aplicação devem ocorrer sob a fiscalização do Estado e acompanhamento de agências reguladoras. Para isso, o Governo deve barrar o projeto do ministro da agricultura e, através da arrecadação de impostos, investir em pesquisas e tecnologias voltadas para a produção de alimentos orgânicos. Ademais, a Anvisa deve ter total autonomia para proibir ou liberar a comercialização dos pesticidas. Assim, os consumidores e os trabalhadores do campo terão uma melhor qualidade de vida e, finalmente, a Revolução Verde alcançará sua função social.