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Enviada em: 04/09/2018

Conhecido internacionalmente como "celeiro do mundo", o Brasil possui aproximadamente 23,5% de seu PIB (Produto Interno Bruto) ligado ao agronegócio, segundo dados da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil. Inegavelmente importante, o setor além de movimentar a economia do país, também beneficia a poderosa indústria de agrotóxicos utilizados nas lavouras. O uso de pacotes tecnológicos que consistiam na adoção de sementes e animais melhorados geneticamente, mecanização intensiva e agrotóxicos, foi popularizado no período conhecido como "revolução verde". Período esse, amplamente defendido no governo militar, segundo pesquisas da Comissão Camponesa da Verdade.  O aumento do destaque foi acompanhado por pesquisas que apontaram, e apontam, resultados preocupantes,  principalmente no campo da saúde pública. Entre elas, o Dossiê Abrasco, que aponta a contaminação do leite materno por substâncias encontradas nos agrotóxicos.  Aliada à governos, que muitas vezes tornam-se reféns do poder econômico de plantations e da indústria fabricante de agrotóxicos, grandes multinacionais da área interferem não apenas in loco, mas em toda a vida política do país, como no caso recente da aprovação do projeto de lei que facilita o uso de substâncias proibidas internacionalmente, ou da tentativa de mudar o termo "agrotóxico" para " defensivos agrícolas" ou "produtos fitossanitários", com o objetivo de amenizar a vigilância da população.  Diante desse panorama, é necessário que haja investimento em alternativas viáveis social e economicamente, como o apoio à agricultura familiar e orgânica através de políticas públicas como PNAE (Programa Nacional de Aquisição de Alimentos) e PAA ( Programa de Aquisição de Alimentos)  do extinto MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) em que valoriza-se a produção regional de alimentos orgânicos, distribuindo-os para instiuições públicas como escolas e hospitais. Também deve-se atentar para o fato de que o investimento em pesquisa na área de agroflorestas, sistemas agrosilvipastoris e controle biológico de pragas depende da ciência, que atualmente tem sofrido cortes substanciais. A conscientização da população, e principalmente de empresas, através de campanhas que alertem para a importância de EPI's, e correto descarte de materiais contaminados é um dos pontos fundamentais a serem abordados. Apenas dessa forma poderemos nos tornar referência mundial em políticas econômicas sustentáveis.