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Enviada em: 05/08/2019

Palco central de diversas discussões, o uso de animais em pesquisas científicas voltou a ser pauta, após a invasão, por ativistas dos Direitos dos Animais, do Instituto Royal, que utilizava de cães da raça beagle para realizar experimentos. Isso nos leva a um questionamento: é correto, do ponto de vista ético e moral, fazer o uso dos animais para benefícios da humanidade?       Inicialmente, de acordo com Bentham: o uso de animais para satisfazer os desejos e necessidades da raça humana pode ser comparado com a escravidão negra. Ademais, o fator crucial para que ela ocorresse fora a crença de que os negros eram uma raça inferior a raça branca, o  que justificava a sua dominação. Contudo, a sua perpetuação por tantos anos (no Brasil, um país com cerca de 500 anos de história, quase 400 tiveram a mão de obra escrava como base da sociedade) pode ser explicada pelo conceito de banalidade do mal, criado por Hanna Arendt - quando uma ação passa a ser realizada pela maioria, ela deixa de ser considerada errada, mesmo que, a partir de um prisma ético e moral, o seja.       Sendo assim, o uso de animais em pesquisas segue o mesmo espectro da escravidão. Lamentavelmente, o fator principal que permite que os animais sejam escravizados em benefícios dos humanos é o descaso estatal atribuído a essa questão. Na Constituição Brasileira, não existem leis que defendam os Direitos dos Animais, mas apenas leis que delimitam locais permitidos para o uso deles em experimentos. Esse fator demonstra a mentalidade retrógrada de grande parcela da sociedade: os animais estão aqui para nos servir.       Entretanto, para evitar novos conflitos como o caso Royal, é necessário que o Poder Legislativo revise e altere as leis brasileiras sobre o uso de animais em pesquisas. Com o intuito de que sejam utilizados apenas quando for estritamente necessário e indispensável. E tenham o mínimo de dignidade e sofrimento, pois segundo Peter Singer, sociólogo contemporâneo, "os animais não estão aqui para nós, mas sim conosco".