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Enviada em: 13/10/2019

O documentário “Não matarás” expõe a situação de animais utilizados em experimentos laboratoriais, e questiona a sua intitulada necessidade de sacrifício pelo “bem da ciência”. A narrativa se concentra em delatar o caso do Instituto Royal, onde animais foram resgatados por ativistas após terem sidos vítimas de exploração. Nesse contexto, a realidade da direção caracteriza o atual cenário científico brasileiro quanto a questão ética da experimentação de animais, uma vez que o especismo dá lugar a indiferença, e a falta de investimento governamental nutri o comodismo acerca do problema.      Em primeiro lugar, é importante ressaltar que por conta da hierarquização presente no corpo social, a manifestação de convenções escalares se fizeram palpáveis nas questões que abrangem a imoralidade da exploração animal. A título de exemplo, tem-se que, apesar dos experimentos serem justificados como um “mal necessário”, a utilização de substâncias tóxicas em cosméticos e medicamentos comercializados ainda existe, fato esse que denota a incerteza do método no que tange a segurança das pessoas. No documentário “MTD”, por exemplo, é evidenciado o fato de que a suposta segurança humana é confiada a insegurança do método, visto que os próprios cientistas afirmam que os testes não são confiáveis em sua totalidade. Desta forma, conclui-se que a violação da integridade física dos animais se baseia apenas num sistema escalar de importância, no qual os animais usados como cobaias são explorados em prol de um resultado incerto.    Outrossim, a permanência dessas experiências está atrelada ao não investimento do governo na busca de novas tecnologias que substituam a modo tradicional de realizar experimentos. Isto posto, é fato que a comodidade científica auxilia o desdém do Estado para com a ética animal, mostrando desinteresse pelo assunto, e fica evidente que mesmo a opinião pública contestando as decisões estatais, como mostra a pesquisa do Datafolha, que 41% da população brasileira é contra os testes em animais, o Estado ainda desconsidera os avanços feitos pela biotecnologia, os quais denotam que as práticas habituais são cada vez mais dispensáveis, além de não serem uma boa escolha moral.                 Portanto, é mister que o Estado tome providências para superar o quadro atual. Para a desconstrução do cenário de exploração que configura o Brasil, urge que o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTIC) invista em pesquisas que busquem formas de substituir o modo clássico de experimentação, a fim de dispor de técnicas mais precisas e seguras para o homem e para os bichos, através de verbas públicas, ainda, promova palestras que incite a reflexão acerca do tema, por meio de eventos acadêmicos, para conter o especismo. Somente assim será possível romper com o pensamento hierárquico e com a acomodação dos cientistas quanto a utilização de um método antiquado e adverso.