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Enviada em: 06/05/2018

Quando, no século XIX, época de grandes avanços do racionalismo cientifico, Oscar Wilde proferiu a frase, " O primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação", não imaginava a atualidade dessa proposição. Isso porque com os obstáculos para a doação de sangue no Brasil, a elocução do escritor sintetiza uma das necessidades da sociedade atual, sair da inércia. Para tanto, buscando uma solução plausível para esse problema, urge a necessidade de ações sobremaneira cautelosa, tendo em vista atenuar as suas causas e consequências.    É preciso considerar, antes de tudo, que o preconceito dificulta a coleta de sangue no Brasil. De modo que sob um lógica empirista e racionalista, a frase de Rousseau sintetiza bem essa ideia, " O homem é naturalmente bom, mas encontra-se cercado pelas amarras da sociedade". Isso ocorre, dentre outros fatores, devido às barreiras impostas aos homossexuais para fazerem doações sanguíneas no Brasil. Essa situação, além de ferir os direitos individuais e dificultar a coleta de sangue no país, é um grande retrocesso. Essa premissa se evidência, pelo fato de que na década de 80, do século XX, acreditava-se que as DSTs eram passas exclusivamente por homossexuais, sendo proibidas as doações por esse segmento social. Portanto, parece que não houve grandes avanços nessa situação, pois mesmo que haja a possibilidade de doação por essas pessoas, ela ainda é cercada de grandes entraves.    Outrossim, o auxílio de sangue no país ainda é cerceada por mitos que dificultam a sua prática constante. isso posto que a mente humana tende a assimilar os preceitos inalienáveis da vivência social, e mediante essa simbiose de ideias forma-se o ser social. Dessa forma, a sociedade ao associar a doação sanguínea como uma prática que pode trazer prejuízos para a sua saúde e não como algo que pode salvar vidas, tende a ser um entrave para o seu exercício. Essa visão se confirma na teoria de Émile Durkheim, no qual o fato social, por ser a maneira coletiva de pensar e agir, exerce uma pressão coercitiva sobre o indivíduo. Com isso, se um cidadão fizer parte de uma agremiação que compartilha uma visão errônea em relação ao auxílio de sangue, tende a adota-la por conta da vivência em grupo.    Fica evidente, portanto, que o primeiro passo não apenas importante, mas essencial. Para tanto, cabe ao Estado cumprir com a sua função social, dissolvendo os entraves que dificultam a oferta de sangue por homossexuais, tendo em vista que doenças como a aids, sífilis e hepatite, também são transmitidas por heterossexuais, com isso, melhorar as formas de analisar a qualidade do sangue seria a melhor solução. Ademais, compete à mídia e às ONGs, juntas, trabalharem, mediante propagandas, novelas e filmes, a importância da doação sanguínea, dissolvendo todos os mitos e pós-verdades que cerceiam essa prática. Assim, haverá aplicabilidade, racionalidade e diligência no combate ao problema.