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Enviada em: 21/05/2018

Desde o Iluminismo, entende-se que uma sociedade só progride quando um se mobiliza com o problema do outro. No entanto, quando se observa o panorama atual de doação de sangue na teoria e não desejavelmente na prática e a problemática persiste intrinsecamente ligada à realidade do país, seja por preconceito ou por estigma, uma vez que o fato de doar sangue encontra ainda rodeado de mitos. É indubitável que a questão constitucional e a sua aplicação estejam entre as causas do problema. Segundo o filósofo grego Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, o preconceito rompe essa harmonia, haja vista que o Ministério da Saúde e a Anvisa defendem a rejeição da doação de sangue de homens gays que tenham relação sexual.  Outrossim, destaca–se pensamentos primitivos como impulsionador do problema. De acordo com Zigmunt Bauman, em “Modernidade Líquida”, o individualismo é uma das principais características da pós-modernidade e, consequentemente, parcela da população tende a repudiar o ato da doação muitas vezes, por medo de contrair alguma doença infecciosa durante a coleta. Esse problema assume contornos específicos no Brasil, onde, apesar da propagação de campanhas que ressaltam a importância da doação de sangue para salvar vidas, a falta de conhecimento a respeito torna-se um entrave na conquista de novos doadores.  Urge, portanto, que indivíduos e instituições públicas cooperem para mitigar os obstáculos supracitados. Cabe ao Ministério da Saúde e a Anvisa reconsiderar e incluir casais gays nas transfusões de sangue assim como feitos em casais heterossexuais. A população, por sua vez, compete promover por meio de debates midiáticos capazes de desconstruir paradigmas a respeito dessa ação, levando dessa forma, o país ao caminho do progresso.