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Enviada em: 31/05/2018

Segundo o escritor Franz Kafka, a solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana. No Brasil, entretanto, observa-se que isso não ocorre, pois, os obstáculos da doação de sangue ainda representam um impasse a ser combatido. Nessa óptica, devem ser analisadas as principais consequências dessa problemática.     A priori, vale ressaltar que a negligência governamental é uma das principais causadoras do problema. Uma prova disso é a própria Constituição Federal diz que é dever do Estado garantir a segurança, a saúde, e o direito à vida, sem distinção de origem, sexo ou de qualquer natureza. Contudo, na prática isso não ocorre porque a doação de sangue continua sendo proibida para os homossexuais por ainda existir um equívoco de gay ser sinônimo de HIV, mesmo depois do médico Draúzio Varella desmenti esse conceito e habilitá-los para a doação de sangue os não portadores do vírus. Dessa forma, não é à toa que apenas 1,8% da população brasileira seja doadora, já que cerca 10% da população não podem doar devido a sua orientação sexual, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).      Ademais, convém frisar a falta de interesse para doação de sangue. Uma prova disso é a baixa quantidade de transfusões de sangue por existirem mecanismos que dificultam a resolução do problema, como exemplos: as pessoas não se importarem com as outras, a falta de informações e acharem que nunca irão precisar. Analogamente a isso, a sociedade, então, por tender a incorporar as estruturas sociais que são impostas à sua realidade, conforme defendeu o sociólogo Pierre Bourdieu, naturalizou e reproduziu a pouca demanda de doadores ao longo do tempo como algo cotidiano, desleixando soluções para reverter atual cenário.        Torna-se evidente, portanto, que os obstáculos da doação de sangue são um antagonismo a serem solucionados. Para tanto, o Senado deve criar uma lei para permitir os homossexuais a doarem sangue também. Nela, o meio social poderá se informar mais sobre os pontos de doação de sangue e o Ministério da Saúde abrirá as doações para todo o público que queira fazer tal procedimento, testando o sangue para ver se atende às normas da OMS (Organização Mundial de Saúde) e multando os centros hospitalares que não obedecerem às regras. Além disso, a mídia, por meio de campanhas televisivas, deve criar uma fábula a ser transmitida na televisão, com o intuito de conscientizar o tecido social sobre a importância de ser um doador, utilizando a linguagem emotiva para comover o público a abraçarem essa causa. Dessa maneira, talvez, a Constituição seja aplicada na prática, o Brasil fique mais solidário e construa um legado no qual Pierre possa se orgulhar.