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Enviada em: 06/06/2018

No fim do século XVIII, a Revolução Francesa mostrou ao mundo que um problema da sociedade só é resolvido quando os indivíduos que a compõe se mobilizam em prol dessa mudança. Hodiernamente, contudo, os infelizes obstáculos para a doação de sangue no Brasil, evidenciam que o princípio revolucionário encontra-se deturpado, uma vez que o individualismo social e a indiferença midiática sobrepujaram o ideal de fraternidade.      A priori, é imprescindível ressaltar que, de acordo com o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, as sociedades pós-modernas têm como principal tendência o crescimento dos pensamentos individualistas em detrimento dos atos solidários entre as pessoas. De maneira análoga, é possível explicar a permanência do problema em questão sob tal ótica, posto que grande parte dos brasileiros, em vista apenas do atendimento de interesses próprios, não doam sangue a pessoas desconhecidas em virtude da redução do olhar sobre o bem estar social. Prova disso é o fato de muitas pessoas doarem apenas para amigos próximos ou parentes.      Outrossim, vale pontuar, ainda, o descomprometimento midiático com as causas sociais como um embargo para a superação dos obstáculos para a doação de sangue. A esse respeito, Max Horkheimer, filósofo que estudou a industria cultural, afirmou que os meios de comunicação perderam sua função social, tendo como exclusivo objetivo a produção de informações no intuito de arrecadar capitais. De mesmo modo, a industria publicitária brasileira, por estar alinhada aos interesses de mercado, não difunde informações concernentes à doação de sangue devido a baixa lucratividade financeira. Assim, dificulta as desmistificações em relação a essa atitude e impede que seus obstáculo sejam efetivamente superados.       Destarte, a fim de resolver o impasse da doação de sangue no Brasil, é precípuo que as escolas, como instrumento de formação do cidadão, aborde sobre a importância desse tema em sala de aula ou em palestras para pais e alunos, com o fito de romper o estigma do individualismo no Brasil e fortalecer as práticas de solidariedade. O Ministério da Cultura, através da mídia, também deve promover informações sobre o papel do cidadão na resolução do impasse referente a doação de sangue, objetivando desmistificar a prática e incentivar as pessoas a doar.