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Enviada em: 05/07/2018

Mistificações. Regras restritivas polêmicas. Falta de agências transfusionais nos hospitais. Os obstáculos para a doação de sangue no Brasil são muitos e refletem o descaso do Poder Público para com esse ato de solidariedade, assim como a falta de diálogo social a respeito das doações por pessoas homoafetivas, o que proporciona o preconceito e, embora suficiente, a redução de sua prática no país.        Diante disso, é indubitável que a falta de políticas públicas que incentivem e desmistifiquem a doação sanguínea, nas escolas brasileiras, esteja entre as causas dessa problemática. Segundo Anísio Teixeira, intelectual brasileiro, a escola é responsável, também, pela construção de atitudes. Seguindo tal premissa, a escassez de espaços informativos sobre a doação de sangue para pais e alunos, nas instituições de ensino, contribui para a permanência de mitos, como o ganho de peso na doação, bem como para o não construção de uma consciência coletiva sobre a importância desse ato de generosidade, o que reduz sua prática.        Outrossim, a falta de debate social quanto à restrição da doação por homens homoafetivos no pais agrava esse quadro. Prova disso é que, nos países onde são aceitas as doações de sangue por essa parcela social, como no Chile e no Uruguai, após debate com a sociedade, o número das doações superam em proporção as brasileiras. Dessa forma, a persistência dessa regra, desconhecida por boa parte dos brasileiros, considerada por alguns setores jurídicos como discriminatória, haja vista que considera os gays como grupos de risco para o HIV, conceito obsoleto, possibilita a elevação do preconceito e temor à doação.        Diante disso, as dificuldades para doação de sangue no Brasil relacionam-se a questões educacionais e jurídicas. Destarte, as Secretarias e o Ministério da Educação devem desenvolver rodas de conversas e palestras com os pais e alunos sobre a doação sanguínea ,nas escolas, por meio de campanhas continuadas a fim de elevar e desmistificar essa ato. O Supremo Tribunal Federal deve, ainda, retomar o debate quanto a legalidade da restrição à doação por homens homoafetivos, envolvendo a sociedade por meio de referendo e campanhas midiáticas para chegar a uma conclusão democrática, baseada em fatos e não discriminatória.