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Enviada em: 03/07/2018

É incontrovertível que o Brasil enfrenta impasses no que tange a doação de sangue em seu território. Conforme o artigo 1° da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a fraternidade deve pautar as relações humanas. No entanto, é inegável que o contexto brasileiro hodierno encara diversos imbróglios em relação ao exercício de tal direito. Destarte, devido a uma mentalidade retrógrada e déficits na legislação as doações de sangue configuram-se em mais um obstáculo da pós-modernidade.    Segundo Franz Kafka, “A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana”. Contudo, é possível perceber as falhas no espectro social brasileiro no que envolve tal solidariedade. É indubitável que um acúmulo de fatores estruturais possibilitaram a conjuntura vigente. A mentalidade arcaica da sociedade brasileira atrelada a desinformação coletiva sobre a doação sanguínea, favorecem a propagação de mitos e inverdades sobre a temática agravando o cenário atual. Concomitante a isso, há insuficiências governamentais que não debatem com afinco a problemática supracitada, que deveria ser naturalizada desde a tenra idade propiciando, assim, maior difusão e adaptação com o tema.   Outrossim, de acordo com a Constituição Federal de 1988, todos os indivíduos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza. Todavia, há uma contrariedade na legislação que não permite a doação de sangue por homens homossexuais, dessa forma, configura-se um grande entrave na problemática. É notório que essa lei dificulta o aumento de bolsas de sangue nos bancos de doações brasileiros, principalmente quando sabe-se que uma bolsa de sangue pode salvar em média quatro vidas. A atitude tomada pelo Legislativo vai ao encontro do pensamento de George Orwell em que, “Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros”. Dessas forma, adota-se uma postura discriminatória que contribui ainda mais para o agravamento das filas de espera por doações.     Portanto, torna-se clarividente a necessidade de medidas para resolução do impasse. O Ministério da Saúde em parceria com os hemocentros brasileiros e incentivados pelo OPAS (Organização pan-americana da Saúde) devem promover a distribuição de cartilhas sobre doação de sangue em todo o país - com destaque aos grandes centros urbanos – com detalhamento das informações necessárias para que a população informe-se melhor sobre como ajudar com bolsas de sangue. Não obstante, é necessário que o Legislativo em conjunto com o Poder Executivo revejam a lei sobre homossexuais criando, assim, uma emenda que sane seu caráter preconceituoso e visando o aumento de doações no Brasil para que, dessa forma, a fraternidade de fato paute as relações humanas.