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Enviada em: 05/07/2018

A ONU sugere que três a cinco é a porcentagem ideal de pessoas que uma nação deve possuir como doadores de sangue. Entretanto, no Brasil, a porcentagem de indivíduos que praticam atos voluntários visando o bem ao próximo é de apenas 1,8%, o que corresponde a 3,6 milhões de pessoas, e isso é muito pouco tendo em vista o enorme contingente populacional do país. Desse modo, é de extrema importância que se discuta acerca de como o exacerbado individualismo e o preconceito proveniente de heranças históricas estão entre os obstáculos para a doação de sangue no país. Conforme defendeu o sociólogo Bauman em sua obra "Modernidade Líquida", a efemeridade e a solidez das relações interpessoais fazem com que estas sejam mais voláteis e menos duradouras, o que leva o homem a retrair-se cada vez mais e tornar-se mais individualista. Nesse contexto, cabe ponderar que os indivíduos pós-modernos não levantam uma visão crítica quanto aos programas de doações de sangue e, consequentemente não vêem necessidade de promover ajuda a quem precisa e a cooperarem na tentativa de salvar vidas, em virtude do egocentrismo e individualismo resultantes de um processo de transformação temporal da sociedade. Outrossim, aponta-se o preconceito inerente à sociedade como agente impulsionador da problemática em questão. Durante a Segunda Guerra Mundial, Hitler usou seu poder totalitário para caçar e torturar homossexuais. No entanto, setenta e três anos após o fim do holocausto, a sociedade ainda não se desprendeu das artimanhas do passado e continua disseminando o preconceito contra casais homoafetivos, o que reflete diretamente na escassez de doações sanguíneas, haja vista que o Ministério da Saúde não permite que homens homossexuais doem sangue em um período de tempo semelhante ao de heterossexuais, o que dificulta muito o processo de doação de sangue no Brasil, pois estima-se que 10% da população optam por relações entre indivíduos do mesmo sexo e os postos de coletas não podem contar com a colaboração dessa parcela de pessoas. Assim, encontram-se os desafios para um ato capaz de salvar vidas e nos leva a ter a certeza de que fatos sociais como a intolerância e o preconceito, direta e indiretamente, levam à morte. Portanto, medidas devem ser tomadas a fim de facilitar o processo de doação de sangue no Brasil. As escolas devem fazer com que os jovens abandonem o individualismo, por meio do uso das aulas de sociologia, para que estas possam desenvolver o senso crítico nos alunos e garantirem com que eles olhem a doação de sangue como algo que pode salvar vidas. Ademais, os jovens também deixarão de lado o preconceito inerente e farão da doação sanguínea algo acessível a todos que se interessem por ajudar o próximo.