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Enviada em: 13/07/2018

De acordo com a Organização das Nações Unidas, o número ideal de doação de sangue, no Brasil, deveria estar entre 3% e 5%, no entanto, esse número não passa de 1,8%. Dessa forma, faz-se necessária uma reflexão acerca dos obstáculos que dificultam o acesso a esse número ideal. Diante disso, há dois fatores que não podem ser negligenciados, como a falta de solidariedade e informação.     Primeiramente, é possível perceber que, na literatura, o brasileiro é retratado como cordial e solidário, entretanto, quando se observa os desafios à doação de sangue, vê-se a ausência de solidariedade por parte da sociedade do Brasil. Isso ocorre em virtude no viés individualista que cerca a nossa sociedade pós-moderna, assim como explica o sociólogo polonês Zymunt Bauman em sua obra "Amor Líquido". Exemplo nítido desse individualismo pode ser encontrado na pesquisa realizada pelo hospital paulistano A.C.Camargo, a qual revela que apenas 20% dos doadores são voluntários, enquanto os demais só doam quando há um parente ou amigo necessitando dessa ação solidária. Ou seja, aqueles que não possuem parentes capacitados para a doação estão sujeitos à morte.     Outrossim, observa-se, ainda, a ausência de informação como obstáculo para a doação de sangue no Brasil. Isso ocorre, porque a escola e a mídia não efetuam ações para a formação de futuros e presentes doadores, haja vista que elas têm importante papel na reprodução das condutas sociais, bem como afirma a sociologia. Não é à toa, portanto, que vários mitos cercam essa temática como, por exemplo, pessoas acharem que se doarem uma vez terão de doar para sempre ou então que ficarão obesas. Esses fatores atuam em um fluxo contínuo e contribuem para a expansão dos desafios que cercam a problemática.     É evidente, portanto, que medidas devem ser tomadas para que o Brasil supere esses obstáculos e atinja o número ideal de doadores. Logo, é vital que o Ministério da Saúde em parceria com grandes vetores midiáticos promova, por meio de filmes, séries e documentários, o sentimento solidário das pessoas, contando, para isso, com a participação real ou ficcional de depoimentos de indivíduos que passaram por uma importante mudança de vida após a imperiosa atitude de alguém que resolveu doar sangue voluntariamente, a fim de aproximar o brasileiro do ideal cordial retratado na literatura e  afastá-lo do viés individualista. Além disso, é fundamental que escolas de ensino básico e médio, por meio de palestras e debates, desmistifiquem os mitos que cercam a doação de sangue, com o fito de aumentar o número de doadores voluntários no futuro.